Lágrimas Sobre Etéria - Capítulo 4 - A Escalada da Redenção - Página - 049
— O meu marido ficou muito
abalado com o ocorrido. Ele me culpou dizendo que era uma justiça divina: “Um
filho por outro filho.” Dizia ele. Mesmo com tudo de ruim que estava
acontecendo eu continuei procurando uma cura, mas meu marido não aguentou e
acabou tirando a própria vida se contaminando com a praga. — Panacea soltou um
longo suspiro antes de continuar: — Eu tinha perdido tudo, mas com o corpo do
meu marido, conseguir achar uma cura. Eu me tornei uma heroína naquele reino
que não era mais um reino, já que quase todo mundo tinha morrido. Eu não tinha
mais nada. Tinha perdido tudo que eu amava e ainda fui responsável pela morte
de milhares, por isso comecei a vagar por Etéria, até que um dia, cheguei em um
precipício e me joguei achando que encontraria minha filha e meu marido, mas
acabei acordando na margem do rio na frente de onde eu construiria esta cabana.
Acho que foi alguma forma de punição pelas atrocidades que eu cometi.
— Sinto muito pelo que aconteceu
com você.
— Quer saber se eu acho que você
deveria voltar? — Panacea fitou a Felina, que respondeu positivamente
balançando a cabeça. — Deveria, mas não apenas pelo motivo que você acha ser o
certo.
— Por qual motivo a mais eu
deveria voltar, então?
— Você tem que descobrir por si
só. — Panacea enxugava os olhos com um pano.
— Outras pessoas já vieram aqui
antes e todas conseguiram voltar? Você nunca tentou voltar?
— Este lugar é mágico. Acho que
você já notou isso? Eu tentei três vezes, mas acho que não consigo achar um
motivo para realmente querer voltar. Eu já perdi tudo o que tinha, por isso,
preferir tentar viver aqui e ajudar outros que aparecessem sem saber o que
fazer. Acho que no final continuo ajudando a curar as pessoas de alguma forma.
Felina se levantou de forma muito
confiante.
— Eu vou tentar voltar para a
Adora. Acho que no final você tem razão que, se eu amo tanto ela, com certeza
posso fazer dar certo.
— Fico feliz em ouvir isso. Posso
dar algumas dicas, mas antes acho melhor você descansar. Já é bem tarde.
A Felina se espreguiçou
levantando os braços e depois se deitou enrolada, igual a um gato, em cima das
peles, que a Panacea abriu espaço para ela.
— Boa noite, minha Gatinha.
— Boa noite.
A Panacea se levantou e ficou
olhando para a Felina, que começou a dormir.
— Espero que consiga se reunir
com seu amor.
Na manhã seguinte. Panacea tinha
acordado cedo com um barulho do lado de fora de sua cabana. Ela foi descobrir
que barulho era e ficou surpresa ao ver a Felina fazendo algumas flexões.
Felina parou com as flexões e começou a correr de um lado para outro.
— Bom dia — disse a Panacea,
soltando um longo suspiro de desapontamento.
— O que foi? — perguntou a
Felina, voltando para as flexões. — Bom dia.
— Não deveria gastar toda sua
energia. — Panacea apontou para o rochedo. — Não é fácil subir tudo isso.
— Eu notei só de olhar, mas fiquei
muito tempo parada e não quero ter dificuldades por isso.
— Vamos tomar café da manhã. Eu
tenho algumas dicas para dar e tenho que preparar alguns suprimentos para sua
jornada.
Felina aceitou a oferta e entrou
na cabana.
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