Amor Pela Câmera - Capítulo 1 - A Entrega
Em um mundo alienígena desértico,
porém, com seu solo em um tom de azul que parecia brilhar,
não podia saber se
era noite ou se o planeta tinha atmosfera, pois se podia ver as
estrelas e
algumas nebulosas distantes. As nebulosas eram assustadoras e
impressionantes, por
suas cores vermelhas e roxas, e por suas ameaçadoras formas
como se fossem
atingir o planeta a qualquer instante. A paisagem não
possuía grandes
construções e nem formações
geográficas, deixando claro que aquele planeta era
muito árido.
Um grupo de homens esperava por
algo. Eles estavam trajando armaduras futurísticas pretas,
muito bem lustradas,
parecendo até um espelho e elas pareciam pesadas pelas
formas de suas placas no
peito, nas pernas e nos braços. Todos estavam com capacetes
na mesma cor das
armaduras e na frente dos capacetes tinham visores, que não
se permitia ver os
rostos dos soldados, pois os visores eram como o resto da armadura,
fazendo as
nebulosas serem refletidas neles. Todos portavam imensos fuzis pretos,
que
pareciam novos, pois não tinham sinais de uso. Estava claro
que aquele grupo
era composto por soldados, não por seus equipamentos, mas
sim pelo jeito deles
se portarem; disciplinados e impecáveis, muito diferente de
mercenários ou
civis portando armas. Todos pareciam preocupados com algo pelo jeito
que eles
olhavam para o horizonte. Eles esperavam por algo muito importante, que
com
certeza explicava a presença deles naquele lugar
tão inóspito.
— Alguma resposta? — perguntou um
dos soldados, que pelo jeito de andar e olhar em volta era o
líder do pequeno
grupo.
— Não, Senhor — respondeu
um
soldado, que começou a digitar em um teclado
holográfico azul próximo a sua
mão. — Podemos solicitar
extração e destruir o planeta em um lugar mais
seguro.
O líder soltou uma risada de
deboche.
— Ela prometeu completar a missão...
e assim o fará. Podem confiar nela. Sua fama não
são histórias de ninar. — O
líder dos soldados apontou para o horizonte. —
Olhem! Ela conseguiu.
Uma imensa explosão podia ser vista a
quilômetros dali, que era seguida por um estrondo e uma onda
de poeira azul,
que chegou até os soldados, os forçando a
protegerem os rostos, por instinto,
pois seus visores nos capacetes os protegiam. Alguns soldados ficaram
mais preocupados
e o que perguntou se podia chamar a extração,
quase o fez, mas o líder o
impediu repousando uma mão sobre seu ombro.
— Será que ela sobreviveu?
—
perguntou um soldado, enquanto a poeira se dissipava.
— Com certeza — respondeu o
líder,
soltando o fuzil no chão com cuidado.
Todos voltaram a observar o
horizonte. Eles tinham esperança de ver alguém
caminhando com o grande cogumelo
de fogo logo atrás.
O líder apontou para o horizonte e
gritou, sem esconder a alegria:
— Olhem! Ela sobreviveu!
A silhueta de uma mulher ia surgindo
no horizonte. Ela usava uma roupa azul-clara e se podia notar que, seus
cabelos
eram longos, loiros e estavam amarrados em rabo de cavalo. Por
não usar um
capacete ou um respirador, ela revelava que aquele planeta
possuía algum tipo
de atmosfera. Ela parecia cansada e parecia segurar uma pistola.
— Sabia que a Samus Aran poderia
derrotar o inimigo! — comemorou o líder dos
soldados, fazendo todos relaxarem e
comemorarem com gritos de vitória.
Ao se aproximar, Samus deixava claro
que a luta tinha sido terrível, pois ela tinha perdido sua
armadura, só
sobrando sua Zero Suit, que tinha alguns rasgos e manchas de terra azul
luminosa do planeta.
— Posso solicitar
extração? —
perguntou o soldado, que parecia ser o responsável pela
comunicação do grupo.
— Agora pode — respondeu o
líder.
Samus tinha conseguido chegar ao
grupo de soldados, que estavam admirados com ela. Era como ver um ser
mítico.
Alguns soldados batiam palmas, outros assobiavam e tinha alguns que
ousavam
tocar nos braços dela, como se quisessem saber se ela era
real.
— Vejo que a luta não foi
fácil —
reparou o líder dos soldados, retirando o capacete,
revelando uma face de no
máximo uns 40 anos. Ele tinha a cabeça raspada e
a barba negra estava por
fazer.
— Completei a missão —
disse a
Samus, sacudindo a terra de sua roupa. — Já chamou
a extração? Estou sem minha
nave.
— Sim. Logo eles estarão aqui e
você
receberá seu pagamento pelo trabalho prestado. — O
líder dos soldados ficou fitando
a Samus, enquanto ela verificava sua pistola. Ele reparou nas curvas de
seu
corpo, que estavam em bastante evidência por sua roupa
apertada. Samus notou,
mas ignorou. — Vejo que você é a melhor
para esse tipo de trabalho.
A loira sorriu maliciosamente.
— Não sou boa só nesse
tipo de
trabalho... Também sei fazer outros tipos de coisas.
— Ela mordeu o lábio
inferior.
— Acho que ainda temos tempo até a
extração.
O líder dos soldados começou a
retirar a armadura. Os outros soldados começaram a fazer o
mesmo. Eles
circularam a Samus, que se ajoelhou, deixando os seios à
mostra ao tirar a
parte de cima de sua roupa. Samus fechou os olhos, enquanto os soldados
se
aproximavam, já quase todos despidos.
––––––––––
Uma linda mulher, deitada de costas
em uma cama de casal, abria os olhos. Esta mulher era muito diferente
da Samus.
Ela era jovem, com pele clara, porém bronzeada, sem marcas
de biquíni. Seus cabelos
eram longos e negros, sendo revelados por causa da peruca loira que
tinha caído.
Os olhos dela eram azuis e logo acima de seus lábios, no
lado esquerdo, tinha
uma pinta. A mulher era dona de uma beleza, que pararia qualquer
trânsito, não
só por seu lindo rosto, mas também por seu
escultural corpo, muito bem definido,
deixando claro que ela passava bastante tempo malhando. Corpo que
estava à
mostra, pois sua fantasia da Zero Suit da Samus estava quase toda
tirada,
deixando os seios grandes e redondos da mulher à mostra e
muito mais, pois ela
estava ofegante e uma de suas mãos estava entre suas pernas,
deixando claro o
que ela estava fazendo na frente de uma câmera com
tripé próxima a cama.
A mulher olhou em volta, como se
tentasse voltar a realidade, enquanto recuperava o fôlego.
Ela reparou que ainda
era dia, pela luz que entrava pelas frestas da cortina persiana branca
fechada na
grande janela, que ocupava completamente a parede do lado esquerdo de
sua cama.
Janela que fazia uma sutil curva no lado direito do local, como se
fosse parte
de um arco, o que se podia notar ao ver o local por cima. Ela reparou
nas
paredes brancas do quarto, cheias de pôsteres dispostos
aleatoriamente de
personagens de videogames, boa parte com molduras de metal cromado e
com vidros
para protegê-los. Haviam pôsteres de personagens de
jogos da Nintendo e até de
jogos menos conhecido e antigos, mas os que mais chamavam a
atenção, eram das
personagens femininas de jogos de lutas, como a Kitana do Mortal Kombat
e um
com várias personagens do Dead or Alive, o que fazia o
quarto parecer pertencer
a um garoto. O piso do lugar era de linóleo em um tom azul
bem claro. Ao
continuar sua volta a realidade, a ofegante mulher se arrumou na cama,
coberta
por uma colcha grossa rosa-clara, depois ela se deitou no travesseiro
branco. A
cama seguia um design moderno, com linha retas e era de madeira, mas
estava
pintada de branco, combinado com os dois criados-mudos com duas gavetas
cada.
Eles ficavam aos lados da cabeceira da cama, sendo um de cada lado; o
da
esquerda, próximo a janela, tinha sobre ele um smartphone
grande rosa-claro,
que não parava de avisar que tinham novas mensagens.
Já no outro criado-mudo,
tinha um despertador digital preto, que não só
mostrava as horas, como o clima
e outras informações. Os criados-mudos tinham
suas maçanetas cromadas como seus
pés, os pés da cama e uma faixa horizontal na
cabeceira da cama, que não era
uma cabeceira muito alta e era em madeira. Logo na frente da cama tinha
um baú
seguindo o design da cama e com a mesma cor, só se sabendo
que era um baú por
causa da fechadura. A mulher olhou para frente, pois logo um pouco
depois do
baú, havia um rack, que mais parecia uma versão
mais larga dos criados-mudos, e
sobre ele estava uma televisão de LED de 42 polegadas de
tela curva, mesmo não
sendo muito grande, era um modelo caro e com certeza um dos
últimos lançamentos
da época. Não dava para ver muito bem de onde a
mulher estava, mas atrás da televisão,
tinha uma penteadeira em madeira pintada de branco encostada na parede.
A
penteadeira tinha um grande espelho quadrado no centro, sobre ela
estavam
várias maquiagens, cremes para os cabelos, escovas, pentes e
vidros de
remédios. Tudo muito bagunçado e desorganizado,
mas a desorganização não ficava
só ali, pois a grande gaveta da penteadeira estava aberta,
revelando roupas e
outros produtos para os cabelos. Era de se espantar que o espelho
não tivesse
nada colado nele ou algo do tipo. A cadeira da penteadeira parecia bem
confortável, pois ela era de couro preto e era uma cadeira
de escritório, com
rodinhas, apoio para os braços e um encosto alto, igual a
cadeira ao lado, que
fazia parte de uma escrivaninha, que pelo seu design estava claro que a
dona do
quarto passou muito tempo o decorando, pois tudo seguia o mesmo estilo
da cama
e dos criados-mudos. A escrivaninha tinha duas gavetas do lado esquerdo
e sobre
ela, ao lado direito, tinha uma luminária pelicano na cor
preta. A mulher olhou
para a direita e se viu no reflexo do espelho, que dominava
completamente as
portas do guarda-roupa encostado a parede. As portas espelhadas estavam
cheias
de adesivos as circulando. Os adesivos eram de jogos de videogames,
algumas
borboletas rosas e estrelas azuis. A parede, em que o guarda-roupa
estava
encostado, separava o quarto de um closet, que tinha sua entrada virada
para a
parede na qual estavam a penteadeira e a escrivaninha, logo ao lado da
porta dupla
de acesso ao quarto, que ficava em paralelo a parede com a janela.
Ambas as
portas eram pintadas de branco e suas maçanetas eram
cromadas. Já com o fôlego
recuperado, a mulher olhou para o teto branco e depois para a
luminária
comprida no meio dele. Ela parecia ainda fora de si observando a luz
ligada.
Várias mensagens terminaram-na a
trazê-la de volta. Um pouco desapontada, a mulher pegou um
laptop rosa-claro,
que estava no chão ao lado da cama e, que pelo tamanho e
design, era um modelo
caro e bem poderoso. Ela viu as mensagens; eram elogios a sua
performance,
críticas por ter sido tão rápido e
muitos comentários de pessoas querendo ter
uma chance de dormirem com ela. A mulher fazia questão de ir
respondendo cada
uma das mensagens, porém, ao ver alguns
comentários sobre violentá-la, ela
ficou enojada e começou a mexer em seus longos cabelos, que
ela os jogou para o
lado esquerdo na frente do ombro.
— Desculpa por não eu consegui
aguentar
ficar até as seis da noite como eu prometi — disse
a mulher para a câmera,
revelando sua voz muito sexy. — Eu vou compensar
vocês com outros vídeos.
A verdade era que a mulher só queria
parar de ler os comentários. Ela estava acostumada com
aquele tipo de coisa,
mas ultimamente começava a senti nojo de seus
fãs, mas tinha que manter o
cronograma, pois foi a vida que escolheu, pensou ela ficando
desapontada e
balançando a cabeça, enquanto ia desligar a
câmera.
Depois de respirar fundo, a mulher
procurou algo em seu laptop. Era um arquivo de texto, que estava em uma
pasta
oculta. O arquivo tinha o título:
“Desculpa!” Ela o colocou na área de
trabalho
do laptop, que possuía uma imagem da personagem D.Va do jogo
Overwatch, que estava
de lingerie branca e com curvas muito diferente da personagem original.
Ao
terminar, a mulher colocou o laptop sobre a escrivaninha.
Ela tirou o resto da fantasia,
ficando completamente nua, revelando que sua bunda era grande e firme.
Ela saiu
do quarto e depois entrou na porta de frente para o quarto. Era seu
banheiro.
Ela começou novamente a reparar em tudo. O piso do banheiro
e as paredes eram
de azulejos brancos e eles estavam impecáveis, como se
alguém tivesse limpado o
lugar há pouco tempo. De frente dela, na parede da esquerda,
tinha uma pia
sobre uma estante de madeira escura, com design moderno e com linhas
retas. A
pia era uma cuba branca, com torneiras cromadas e na parte de baixo da
estante
não tinha portas, permitindo ver várias toalhas
dobradas de várias cores e
tamanhos. Logo acima da pia, na parede, tinha um armário
quadrado, que possuía
um espelho na porta e a madeira do armário era no mesmo tom
da estante da pia. Mais
acima do armário, estava uma janela pintada de branco,
retangular e na horizontal,
que não era muito larga, mas conseguia cumprir seu trabalho
de iluminar o
banheiro durante o dia, deixando desnecessário o uso da
luminária comprida no
meio do teto branco do banheiro. Depois da pia, no canto, havia um
chuveiro com
torneiras cromadas e com seu box quadrado, sendo a entrada de lado. O
box do
chuveiro era em um tom escuro semitransparente e em cima dele se podia
ver uma
toalha rosa-clara, com uma metade para dentro e a outra para fora do
box.
Voltando para o lado da porta de entrada do banheiro, mais precisamente
do lado
direito, encostado na parede em paralelo a da pia, estava o vaso
sanitário
branco, que tinha a tampa de plástico, simulando madeira
escura. Um pouco ao
seu lado, estava a banheira branca, ficando entre as paredes da frente
da porta
e a do vaso sanitário, no canto, com seu lado maior
encostado na parede do vaso
sanitário. A banheira tinha suas torneiras e pés
cromados, e as torneiras,
ficavam no lado mais longe do vaso sanitário. Era o local
que a mulher de
cabelos negros queria chegar.
A mulher se sentou na beirada da
banheira e abriu as torneiras. Pela fumaça se podia notar
que água estava
aquecida. Ela brincou um pouco com a água, sorriu ao ver que
logo a banheira
estaria cheia e finalmente poderia tomar seu banho. Antes de entrar na
banheira, ela mexeu nos cabelos e ao entrar deixou um pouco de
água cair para
fora, sem se importar em fechar as torneiras, pois ela parecia ter
pressa. Ela
começou a se ajustar na banheira, se deitando de costas.
Depois ela afundou a
cabeça na água e fechou os olhos. Um sorriso
surgiu em rosto. Era um sorriso de
alívio, depois de um dia estressante de trabalho. A mulher
abriu a boca
engolindo água.
O som da música de vitória
clássica dos
jogos da série Final Fantasy tocou, fazendo a mulher de
cabelos negros se
levantar ofegante. Ela parecia desapontada, e a música
não parava de tocar. Era
o som da campainha do lugar.
— Já vou! — gritou ela,
sabendo que
não tinha como a pessoa que tocava incessante a campainha
escutar.
Ela saiu da banheira e fechou a
torneira, desapontada.
— Fica para a próxima.
Já na porta, a mulher estava usando
um camisão branco, que possuía uma elfa noturna
do jogo World of Warcraft
estampada na frente. Ela olhou para a porta branca e viu um interfone
ao lado,
o que a fez balançar a cabeça, desapontada.
Tentou usá-lo, mas achou
complicado.
— Até parece que eu vou saber usar
isso, Becca! — reclamou, abrindo a porta só um
pouco para ver quem estava do
lado de fora, algo que demorou, pois a porta tinha, além da
fechadura, dois
trincos com correia e, pelos arranhados na pintura da porta
próximos a eles, os
dois foram colocados recentemente por alguém sem muita
experiência.
Do lado de fora se podia ver o
corredor do edifício, com uma porta fechada, que era igual
à do apartamento da
mulher. O corredor era bem iluminado por luzes artificiais e as paredes
brancas
e o piso de mármore clara, também serviam para
deixar o lugar mais claro. Mas o
que chamava a atenção da mulher, era a pessoa a
fitando. Era um homem de pele
clara, com cabelos castanhos curtos e com seus olhos também
castanhos. Ele era
jovem, com certeza não passava dos 30 anos, pensou a mulher
ao reparar nele. O
homem estava segurando um caixa de papelão com uma bandeira
do Brasil em um dos
lados, que a mulher não a reconheceu. O que mais chamava a
atenção no homem,
eram suas vestimentas; terno preto completo, gravata preta e sapatos
sociais
pretos, bem engraxados. A mulher reparou que o homem tinha um rosto
bonito e
bem masculino. Ela também notou que, mesmo com o terno, ele
era uma pessoa em
forma, pois seu terno parecia um pouco apertado, revelando alguns
músculos.
— O que deseja? — perguntou a mulher,
forçando um sorriso.
O homem misterioso continuou a fitar
a mulher, que achou estranho, pois mesmo com suas roupas
mínimas ele apenas
observava seus olhos. Parecia que ele lembrava dela de algum lugar,
pensou ela.
— O que foi? — insistiu a mulher,
começando a ficar envergonhada.
— Desculpa — pediu o homem,
sorrindo. Sua voz era calma e melodiosa, porém, ainda
masculina. — Eu vim fazer
uma entrega.
— A Becca não passou o novo
endereço
para entregas? — questionou a mulher, se irritando com algo.
— Não sei. — O misterioso
riu. —
Foram meus amigos, que mandaram entregar isso. É a
única coisa que eu sei.
Os dois acabaram rindo e o homem
explicou:
— Pode ficar sossegada que eu
verifiquei se era uma bomba...
— Você abriu? — perguntou a
mulher,
examinando a caixa.
— Não! Jamais faria isso, mas
verifiquei se não fazia nenhum barulho como tique-taque.
Novamente os dois riram. O homem
voltou a fitar os olhos da mulher.
— O que foi? — perguntou ela,
finalmente pegando a caixa e notando que era um pouco pesada.
— Eu acho que já a vi em algum
lugar. — Ele coçou a cabeça.
— Só não sei onde.
A mulher se sentiu um pouco
orgulhosa e se apresentou:
— Eu sou Alyana Rubi. Com certeza me
conhece da internet...
— Você é youtuber? Que
legal, nunca
pensei que ia conhecer alguma. Você é famosa?
Têm quantos inscritos?
Alyana riu ao ver a empolgação do
homem.
— Então... você
não conhece o meu
trabalho? Nunca ouviu falar no nome Alyana Rubi, mas acha que me
conhece de
algum lugar?
— Acho que me lembrei. — Ele
continuava a fitar os olhos de Alyana, que começou a gostar.
— Foi um vídeo de
um unboxing de um jogo. Era edição de
colecionador...
— Uau! Eu tinha 15 anos.
— Então, quer dizer que
você parou
de fazer os vídeos de unboxing?
— Não! — mentiu Alyana, sem
saber o
motivo de o fazer e se condenando em sua cabeça. —
Eu parei com os unboxing...
Agora só faço vídeos de gameplay.
O homem achou incrível e deixou
transparecer com seu sorriso.
— Você é uma gamer?
Incrível! Que
mundo pequeno. Eu também sou. Por isso que estranhei o som
da campainha.
A Alyana riu e pensou que o homem
poderia ser machista, pois parecia que ele tinha visto uma
espécie de
assombração, por ela ser uma mulher gamer, mas
achou melhor ignorar, torcendo
para ele não perguntar quais jogos ela jogou nos
últimos meses para ter certeza
que ela era gamer.
— Sou uma gamer. Nunca viu uma?
— Já vi. Tenho uma amiga que
é, mas
não achei que encontraria uma assim sem procurar. Ainda mais
em outro país.
Outro país? Pensou a Alyana.
— Você não é
daqui?
O homem ficou envergonhado.
— Desculpe pelos meus modos. Eu me
chamo Aleksandr Dantas de Carvalho. Eu sou brasileiro. — Ele
apontou para a
caixa. — Os meus amigos, que mandaram eu entregar isso,
também são brasileiros.
— Brasileiro? — Alyana
começou a
examinar melhor o entregador. — Não parece.
Você não tem sotaque e seu nome não
parece latino. Apesar de que, eu não conheço
muitos nomes latinos.
Ele riu coçando a cabeça.
— Minha mãe é criativa com
nomes.
Os dois ficaram em silêncio por
alguns instantes.
— Acho melhor eu ir embora — disse o
Aleksandr, dando as costas para a Alyana.
— Dantas? Não quer... sei
lá...
entrar?
Ele se virou para ela sorrindo.
— Gostaria, senhorita Rubi, mas não
me chame de Dantas, ou Carvalho. Apenas Aleksandr.
— Vou chamá-lo de Alek, se
você me
chamar apenas de Alyana.
Os dois começaram a rir e
concordaram balançando as cabeças.
— Eu achei estranho um entregador
tão bem vestido — revelou a Alyana, abrindo
espaço para seu convidado entrar no
apartamento. — Pensei em pedir o número da sua
empresa para fazerem umas
entregas para mim, mas você revelou que só estava
entregando algo que seus
amigos pediram.
— Com licença — disse o
convidado ao
entrar, fazendo a Alyana rir por causa da formalidade dele.
— Não precisa ser tão
educado.
Alek ignorou o pedido da dona do
apartamento e explicou sobre ele ser um entregador:
—
Uma empresa de entregas com funcionários tão bem
vestidos, com certeza ia
cobrar muito caro. — Alek começou a rir
contagiando a Alyana.
— Qual o motivo das suas roupas?
— É por causa de uma
reunião do
trabalho.
Aleksandr entrou reparando em tudo,
como uma criança em uma loja de doces. Ele não
escondia que estava achando
incrível o apartamento de gamer da Alyana. As paredes eram
brancas e o piso um
linóleo azul-claro, como o do quarto da dona do lugar. Logo
do lado direito da
porta de entrada do apartamento, tinha uma parede com um
balcão de madeira
clara, com o topo em mármore cinza e com design moderno, o
que seguia pelos
bancos próximos a ele, que eram quadrados e com estofados de
cor branca em seus
assentos. Logo acima do balcão, tinha uma abertura que dava
para a cozinha, mas
tinha uma persiana branca fechada, impedindo que Alek visse a cozinha.
Do lado
esquerdo da porta de entrada, havia uma mesa de jantar, que seguia o
padrão do
balcão, porém seu topo era de vidro escuro e os
pés da mesa eram cromados,
combinando com as seis cadeiras, pois seus pés
também eram cromados. Elas tinham
estofados brancos nos assentos e nos encostos, que não eram
muito altos. As
cadeiras estavam dispostas assim: quatro nas laterais mais compridas da
mesa,
ficando duas de cada lado e as duas últimas, uma em cada
cabeceira, que davam
para a parede da porta de entrada e a outra para a outra parede em
paralelo. Em
cima da mesa tinha uma toalha personalizada com as princesas da
série dos jogos
do Mario, elas estavam circuladas por várias flores rosas e
o fundo era branco.
Na parede em paralelo ao balcão, tinham duas portas brancas
de madeira. Alek e
a dona do apartamento seguiram em frente. Alek viu um corredor pouco
iluminado
do lado direito, em que ficavam a entradas para a cozinha, o banheiro e
o
quarto da Alyana, sendo todas as portas nas laterais do corredor; a da
cozinha
e do banheiro na direita, nesta ordem, e a do quarto na esquerda, bem
no fundo
do corredor, quase em frente a do banheiro. Foi neste momento que Alek
imaginou
como seria a forma geométrica da sala; dois quadrados, um em
cima do outro,
porém o de cima mais para o lado direito. Depois que seu
pequeno devaneio
passou, Alek continuou surpreso ao ver os vários
pôsteres de personagens de
jogos de videogames, todos espalhados de forma aleatória
pelas paredes. Tinha
de vários jogos, dos mais variados possíveis, e
os tamanhos dos pôsteres também
variavam bastante, mas todos mantinham molduras cromadas e vidros para
protegê-los. Os que mais chamavam a
atenção eram os com versões mais
sensuais
de personagens femininas, que não tinham aquele
físico em seus jogos. Na parede
da esquerda, tinha outra porta, só que ela não
era branca como as outras, e era
de correr. A porta era toda coberta por um espelho, que tinha alguns
adesivos de
um jogo de corrida colados nele. Ainda na mesma parede, encostado a
ela, logo ao
lado da porta, havia uma escrivaninha de madeira clara, que tinha o
design
moderno como todos os móveis no apartamento. A escrivaninha
tinha duas gavetas
do lado direito e ela estava um pouco bagunçada, com papeis
e fotos da Alyana
de biquíni rosa sobre ela. Ainda sobre a escrivaninha, tinha
um computador que,
pelo tamanho e design de seu gabinete preto com detalhes em vermelho o
contornando, estava claro que era bem poderoso. O monitor
também chamava a atenção,
pois ele era grande; 38 polegadas, de LED e curvo. O design preto com
vermelho
seguia pelo teclado, que era um teclado gamer que combinava com o
mouse. Até o
mouse pad preto era personalizado, com uma imagem da personagem Mileena
da
série de jogos Mortal Kombat. A cadeira da escrivaninha, era
uma cadeira gamer
preta e vermelha, parecida com um assento de carro de corrida. Alek
olhou para
a grande janela, que dominava completamente a parede em paralelo a que
tinha a
porta de entrada. Ele notou que a janela continuava por todo aquele
lado do
apartamento e ela fazia sutis curvas em suas laterais, o que o fez
imaginar que
ela tinha a forma de um arco ao ser vista por cima e que a janela
não respeitava
as divisões dos cômodos. Alek pensou em dar uma
olhada pela janela por causa da
vista, mas achou melhor deixar para depois, para continuar a explorar a
sala da
Alyana. No lado direito do visitante, tinha um sofá de
três lugares com design
moderno, com os pés cromados e uma
armação cromada, que segurava os estofados
brancos quadrados, atrás e nas laterais. O sofá
ficava com as costas para a
parede com a escrivaninha. Depois do sofá tinha uma mesa de
centro seguindo o
design de todos os móveis; moderno, com linha retas e em
madeira clara. Sobre a
mesa, tinham vários controles de videogames diferentes, que
o Alek reconheceu a
maior parte deles. Encostado na parede, depois da mesa de centro,
estava o
ponto alto da sala para o Alek; era um rack com painel de madeira clara
na
parede, que possuía uma televisão de LED com 68
polegadas e com tela curva, com
certeza um modelo bem atual, mas o que chamou a
atenção, foram os vários consoles,
sendo alguns clássicos e outros modernos, que estavam sobre
o rack, logo abaixo
da televisão. Todos estavam bem conservados, sem sinal de
poeira e arrumados um
do lado do outro. Os jogos ficavam guardados nas duas grandes gavetas
no meio
do rack, que ainda em suas laterais tinham estatuetas de personagens
femininas do
jogo Dead or Alive e algo que chamou a atenção do
Alek, mas ele ignorou; era um
vibrador rosa e algumas fotos da Alyana nua. Dos lados do rack,
encostados à
parede, haviam estantes de madeira clara, com porta duplas na parte de
baixo e
em cima estatuetas de personagens de jogos de videogames, sendo sempre
mulheres
com poucas roupas, versões um pouco diferentes de suas
versões originais, como
uma da D.Va do Overwatch, que ela estava em uma posse sexy e usava um
lingerie
preta.
— Quer se sentar? — perguntou
Alyana, colocando a caixa no chão atrás do
sofá, sem esconder que estava
gostando da empolgação do seu visitante, mesmo
ela achando estranho ele não
reparar que ela estava praticamente nua.
— Claro! Você realmente é
gamer — respondeu
o Alek, indo se sentar no sofá, que ele notou ser bem
confortável.
— Pensou que eu estava mentindo?
— Claro que não. — Alek
coçou a
cabeça e sorriu. — Só um pouquinho.
Alek olhou para o teto e viu a
luminária comprida no teto da sala.
— Não fica ruim jogar de dia com
essa janela?
— Quer ver algo legal?! — perguntou
a Alyana, ficando envergonhada, pois agora ela que estava se empolgando
demais.
— Sim.
A dona do apartamento pegou um
controle na mesa de centro e ao apertar um botão, uma
cortina persiana branca desceu
de algum lugar secreto no teto, deixando o lugar bem escuro. Depois
Alyana
abriu novamente as cortinas.
— O que achou? — Ela não
conseguia
esconder que se sentia muito orgulhosa pelo seu apartamento.
— Incrível! Vejo que você
pensou em
tudo para poder jogar.
— Não fui eu, foi a minha amiga
Becca. Ela gosta de decorar as casas dos outros.
— Queria ter uma amiga para decorar
meu apartamento — brincou o Alek, desapontado.
Os dois começaram a rir. Alyana se
sentou ao lado do Alek. Ela ficou ajoelhada no sofá, com as
mãos sobre as
pernas, olhando para seu convidado, que se virou para poder olhar para
seus
olhos. Ela pensou que com certeza ele era gay, pois ela estava apenas
usando um
camisão e ele só olhava para seus olhos,
porém, ela notou que estava gostando,
pois era diferente.
— Você é muito rica
— disse o Alek,
olhando em volta antes de voltar a fitar os olhos da Alyana.
— Acho que ser
youtuber realmente é o futuro. Tem videogames aqui que valem
uma fortuna.
Alyana riu.
— Está exagerando... Conta a
verdade. Eu sei que você me conhece...
— Como assim? Eu te conheço do
vídeo
do Youtube. — Alek parecia dizer a verdade. — Assim
que chegar em casa eu vou
procurar seu trabalho e se inscrever no seu canal...
— Não! — Alyana se exaltou
ficando
envergonhada, depois ela começou a mexer nos cabelos ao lado
do rosto. — Quero
dizer: Não precisa, não tem nada legal
lá.
— Tudo bem... Eu não vou procurar,
mas não acha que eu deveria, pois pelas coisas que
você tem aqui no seu
apartamento, você deve ser uma youtuber muito famosa?
— Nem tanto. — Ela
disfarçou com um
sorriso. — Vamos. Fale de você.
O convidado coçou a cabeça e sorriu.
— O que quer saber?
— Sobre você ser brasileiro e... ser
tão diferente.
Alek riu.
— É que já faz um ano que
eu estou
aqui nos Estados Unidos, por isso não tenho mais sotaque...
— Sério, pois conheço
pessoas que
estão a mais tempo e ainda possuem sotaque.
— Acho que eu aprendi o idioma
melhor do que achava.
— Você mora aqui?
— Sim.
— Não acha muita
coincidência morar
na cidade na qual tinha que entregar algo?
Alek riu da desconfiança da Alyana.
— Você é bem experta.
Alyana ficou surpresa ao ser
elogiada daquela forma, deixando claro que as pessoas não a
achavam muito
inteligente. Ela ficou tão lisonjeada que não
conseguiu esconder o largo
sorriso.
— Não sou tão experta.
— Para mim você parece
incrível...
— Sabia! Já vai começar!
— comemorou
a Alyana, pensando que o Alek no final era igual a todos que
já a visitaram,
sempre eram legais, mas logo começavam com cantadas.
— Sabia o quê? Começar o
quê? —
questionou o Alek, muito confuso com a reação da
Alyana, que ficou envergonhada
e começou a mexer nos cabelos.
— Não é nada. Poderia
continuar a
falar como foi morar na mesma cidade que tinha que fazer uma entrega?
— Eu estava para ir trabalhar em uma
filial da empresa que me empregou, e como é uma
multinacional, acabei
escolhendo a desta cidade por causa da entrega dos meus amigos, que no
dia em
que souberam que eu ia morar nos Estados Unidos, pediram para eu
fazê-la. —
Alek começou a rir. — Acho que eu fui muito
pragmático na escolha, só que eu
não deveria demorar um ano para fazer a entrega.
— Você nunca se questionou o que era
ou perguntou sobre mim para eles?
— Não. Apenas quis fazer um favor
para eles. Parecia algo importante no dia que eles me pediram e por sua
reação,
acho que fiz o certo em fazer a entrega. Só me desculpe pela
demora.
— Não se preocupe com isso. Me fale
sobre o Brasil.
— O que você quer saber? Tenho
certeza que sabe sobre o Carnaval e o Rio de Janeiro.
Alyana fez que não com a cabeça. Ela
ficou um pouco envergonhada, pois não sabia nada sobre isso.
— Você deve achar que eu sou uma
pessoa bem estúpida por não saber sobre seu
país?
— Na verdade, não acho.
Ninguém
precisa saber sobre o país do outro, a não ser
que tenha algum interesse em
saber.
— É, mas eu deveria saber pelo menos
o que todos sabem e você só falou isso para me
alegrar. — Alyana parecia
distante em seus pensamentos, mexendo em seus cabelos novamente.
— Não deveria
ter largado a escola, ou pelo menos lido um pouco mais.
De repente a Alyana se assustou.
Alek tinha segurado em sua mão direita. Ela sentiu que as
mãos dele eram
quentes e macias, o que a fez pensar que talvez ele fosse realmente gay.
— Você não é
estúpida. Ninguém é
estúpido, apenas existem pessoas que são boas em
fazer coisas diferentes. Como
um médico não precisa ser bom em
matemática e um matemático não precisa
saber
medicina.
— Está me comparando a um
médico? —
Alyana puxou a mão, no momento que o Alek passou os dedos
por uma cicatriz que
ela tinha na palma da mão, depois ela começou a
sorrir para disfarçar algo.
— Por que não a comparar?
Você,
ainda poderá se formar em alguma coisa algum dia ou fazer
outra coisa. Tudo
depende apenas de você. Tenho certeza que você tem
possibilidades infinitas, se
esforçar um pouco.
Alyana ficou surpresa novamente. Ela
começou a reparar que nunca ninguém a viu como
algo mais do que uma vadia que
só servia para sexo. Isso a deixou muito empolgada com seu
novo amigo.
— O que você faz para viver?
—
perguntou a dona do apartamento.
— Sou técnico em TI. Trabalho para a
Elegancy Tecnology.
— Você gosta?
— É cansativo algumas vezes, mas
não
é ruim. Eles pagam bem, mas poderia ser melhor.
— É o que você queria fazer
para
viver?
Alek riu e coçou a cabeça.
— Serve para pagar as contas. Não
tenho muito que reclamar, pois o pessoal do trabalho é
legal, meu supervisor
também... Me conte um pouco sobre você.
Alyana ficou assustada. Ela pensou
no que tinha para contar sobre ela: Eu me masturbei logo cedo na frente
de uma
câmera. Estava imaginando que eu era a Samus e alguns
soldados transavam
comigo. Fiz tudo isso enquanto uns pervertidos se masturbavam me
assistindo.
Mas não fique assustado, pois faço isso por
dinheiro, pois sou uma puta
nojenta. Com certeza não posso contar isso para ele. Os
pensamentos de Alyana só
serviram para deixá-la um pouco depressiva e ela voltou a
mexer nos cabelos.
— Não tenho muito o que contar sobre
mim. Você é o mais interessante na sala...
— Sério?! Fico lisonjeado.
Principalmente por ouvi isso de uma youtuber. Mesmo assim gostaria de
saber
mais sobre você...
— E seus amigos do Brasil? Como eles
são? — Esquivou-se Alyana, forçando um
sorriso.
— Eles são legais. São um
casal,
Carlos e Mariana, como uma dupla sertaneja. — Alek notou que
a Alyana não
entendeu a piada, pois era muito brasileira para ela. — Acho
que a piada é mais
engraçada no meu país. Eu os conheci no curso de
inglês.
— Por que eles não vieram entregar
pessoalmente, ou mandaram por algum serviço de postagem?
— Não sei. Acho que eles ficaram com
medo de ficar preso na alfandega, ou algo assim. Eu gostei de fazer a
entrega.
— Alek sorriu para Alyana. — Se não
fosse a entrega, não teria a conhecido.
— Para com isso. Tenho certeza que
você conhece muitas pessoas na cidade. Logo nem vai se
lembrar de mim...
— Impossível esquecer
alguém como
você.
Alyana começou a rir à toa.
— Ei! Eu tenho namorado.
— Não tem não.
— Como você sabe? — Alyana
pulou do
sofá. Ela estava muito feliz. — Não
responda ainda! Vou pegar algo para beber.
Você quer alguma coisa?
— Alguma coisa sem álcool.
— Sem álcool? Você
não bebe álcool?
Alek sorriu envergonhado.
— Eu não sou legal. Não
bebo álcool
e não fumo. Acho que meu único vício
é videogame. — Alek se lembrou de algo.
—
Eu tenho um outro vício sim; todo dia como um
“brigadeiro”, por isso tenho que
me exercitar para não morrer de diabete ou algo assim.
— “Brigadeiro”? O que
é isso?
— Um doce brasileiro. Você deveria
experimentar.
Os dois riram.
— Não acho que seja um defeito
você
não beber álcool ou fumar alguma coisa. Gostei de
saber sobre isso.
Depois de ir à cozinha, Alyana
voltou o mais rápido possível. Ela tinha
preparado uma xícara de chá. Não por
se algo comum que ela prepararia, mas por tentar impressionar seu
convidado.
— O que está fazendo? —
perguntou
ela, ao ver o Alek observando a vista pela janela.
— Aquele é o Lago Michigan?
Alek pegou a xícara de chá e
começou
a examiná-la, pois era personalizada da personagem D.Va do
jogo Overwatch; a
xícara era azul claro, no mesmo tom da roupa da D.Va, tinha
o logo do Overwatch
e uma imagem da personagem com seu nome logo embaixo. Até o
pires era
personalizado igual a xícara. Alek bebeu um gole do
chá, notando que estava
muito doce e frio. Ele não reclamou, apenas sorriu.
— É sim. — respondeu
Alyana. Ela
achou que ele tinha gostado do chá. — É
chá preto.
— Notei — mentiu o Alek, pois estava
impossível notar que sabor o chá tinha por causa
do açúcar. — Acho que seu
aluguel é bem caro.
— Um pouquinho, mas tenho uma
excelente vista. Posso ver o Lago Michigan entre alguns
edifícios e também tem
o rio aqui perto... Não vai me contar como sabe que eu
não tenho namorado?
O convidado tomou mais um gole de
chá e riu antes de responder:
— Uma mulher que tem namorado não
precisa de um brinquedo daquele.
Alyana engoliu em seco, ficou sem
reação, pois Alek estava apontando para o
vibrador no rack.
— Isso! Não é meu...
É da Becca.
Falei para ela não deixar essas coisas aqui.
— Não precisa ficar nervosa com
isso. É normal uma mulher ter desejos.
A mulher de cabelos negros foi
esconder o vibrador e no momento que ela se abaixou, seu
camisão se levantou,
revelando o que não devia.
— Bela vista — elogiou o Alek,
assustando a Alyana.
— Desculpa, eu tinha acabado de saí
do ban... — Ela notou que o Alek estava olhando a vista pela
janela, enquanto
tomava um gole de chá, o que fez ela pensar que seu novo
amigo realmente era
gay. — Eu sei, poderia ficar o dia todo olhando essa vista
sem se cansar.
— Por que não o faz?
— Não tenho tempo. — Alyana
arrumou
o camisão rapidamente. — Desculpe pelo vibrador.
— Não se preocupe, já vi
coisas
piores na casa da minha amiga...
— E essa sua amiga, é só
sua amiga?
— Idiota! Pareço uma adolescente. Pensou a Alyana,
depois de fazer a pergunta.
— Sim... — respondeu o Alek.
— Eu
acertei sobre você ser solteira?
— Não! Sim! Não sei!
Alek riu da Alyana, que acabou rindo
também.
— Não sei como uma linda mulher como
você consegue ficar solteira.
— Está flertando comigo?
— Só estou falando a verdade.
Com um sorriso malicioso, Alyana
perguntou, apertando os seios por cima do camisão:
— O que achou da minha roupa?
O convidado tomou o resto do chá,
ignorando a pergunta e o jeito oferecido da Alyana, que se deu conta do
que
estava fazendo e começou a se condenar em sua
cabeça.
— Eu tenho que ir para a reunião da
empresa — avisou o Alek, entregando a xícara para
a Alyana, que a colocou no
chão.
— Não! Fica mais um pouco. Eu vou me
comportar.
— Como assim?
— Esqueça. — Alyana correu
até seu
quarto e voltou correndo com o smartphone rosa-claro na mão.
— Você me passa o
seu número? Quero ser sua amiga.
— Fico lisonjeado. Amigo de uma
youtuber famosa.
Alek pegou seu smartphone preto e
passou o número para a nova amiga.
Alyana parecia preocupada com alguma
coisa, enquanto editava o número em sua agenda no telefone.
— O que foi? — perguntou o Alek.
— Faz um favor para mim?
— Claro. Faço qualquer coisa.
Vários pensamentos pervertidos
invadiram a cabeça da Alyana, que se controlou, pois seu
novo amigo parecia não
ser esse tipo de homem, ou poderia ser gay, como ela pensou sorrindo.
— Não fica me procurando na
internet. Prefiro que você seja meu amigo fora desta coisa de
Youtube ou da
fama. Por favor, faça isso por mim.
O novo amigo da Alyana ficou
confuso.
— Tudo bem. Eu não vou
procurá-la na
internet, mas só por que você pediu. —
Ele riu e coçou a cabeça. — De qualquer
forma eu não ia fazê-lo mesmo, pois acabo com o
meu tempo livre jogando videogame.
— Quem sabe... um dia podemos jogar
juntos? — Nossa pareço uma criança,
pensou a Alyana sorrindo depois da
proposta.
— Eu gostaria.
Alek foi indo até a porta do
apartamento. Alyana o seguiu, mas ela não queria que ele
fosse embora. Na
porta, Alyana a abriu sem muita vontade.
— Posso tocar a campainha? —
perguntou o Aleksandr, rindo.
— Claro, pode tocar quantas vezes
quiser.
E assim ele o fez e começou a
assobiar a música de vitória dos jogos da
série Final Fantasy, enquanto a mesma
tocava por causa da campainha.
— Eu vou comprar uma igual para mim.
— É bem legal... — Alyana
ficou
calada sem assunto e achou melhor se despedir, pois estava
começando a ficar
estranho: — Até logo!
— Até outro dia.
Alek tocou novamente a campainha e
seguiu seu caminho, enquanto sua nova amiga fechava a porta. Alyana se
encostou
na porta, não sabia o que achar, estava admirada com o Alek,
ou intrigada com
ele. Não sabia ao certo o que pensar e não queria
que ele tivesse ido embora.
De repente alguém bateu na porta.
— Não vai abrir? —
perguntou uma voz
feminina do lado de fora, que parecia um pouco autoritária.
Ao se assustar, Alyana se confundiu
ao tentar abrir a porta, deixando as chaves caírem.
— Já vou! Rebecca!
— Usa o interfone — mandou a voz do
lado de fora.
— Não preciso.
— Está com dificuldades com as novas
fechaduras da porta? São para seu bem e você tem
que aprender a usar o
interfone. É perigoso abrir a porta para qualquer um.
— Só acho um exagero.
Depois de bufar, Alyana abriu a
porta. Quem estava do lado de fora era uma mulher jovem. Ela tinha a
pele
clara, seus cabelos longos e loiros estavam amarrados em rabo de
cavalo, seus
olhos eram verdes e ela estavam com óculos com uma
armação feminina preta. A
mulher era atraente, mas não tanto quanto a Alyana e
não dava para notar muito
do seu corpo, por causa de suas roupas que eram: um casaco grosso
preto, por
cima de um blazer cinza e que por sua vez estava sobre uma blusa branca
com
gola em V. Na parte de baixo, ela tinha uma saia executiva preta, que
chegava
até os joelhos e suas pernas estavam cobertas por uma
meia-calça preta, que era
grossa, por causa do frio. A mulher carregava com ela uma bolsa de
couro preto
com detalhes prateados, combinando com seu cinto, que tinha uma fivela
prateada
e com seus sapatos de salto altos pretos com detalhes em prata.
— Está tudo bem? —
perguntou a
mulher ao invadir o apartamento da Alyana. — Por que sua
campainha estava tocando
antes de eu chegar? Podia escutá-la do corredor.
Alyana ficou um pouco assustada e
não respondeu, apenas foi se sentar no meio do
sofá, enquanto sua amiga fechava
a porta, depois ela tirou o casaco e o colocou no encosto de uma
cadeira da
mesa de jantar, também colocou a bolsa sobre a mesa, mas
antes retirou um saco
de lixo preto. Alyana ficou com a pernas abertas sem se importar com a
visita e
ela não parava de mexer nos cabelos.
— Não vai responder? — A
amiga da
Alyana começou a explorar o apartamento atrás de
alguma coisa.
Depois de procurar um pouco, ela
voltou do quarto da Alyana com o saco cheio com alguma coisa.
— Sabe, Becca — disse a Alyana,
não
muito feliz com sua visita —, um dia você
não vai chegar a tempo...
— Sabe o que eu descobri sobre você?
— Rebecca, colocou o saco de lixo do lado de fora do
apartamento. — Eu descobri
que você gosta que eu cuide de você, por isso
sempre vou chegar a tempo.
— Faça como quiser — disse
a Alyana,
que na verdade gostava que a amiga cuidasse dela, mas nunca ia admitir.
— Linds — chamou a Rebecca, com uma
voz mais amorosa. — Não vai contar o que
está te incomodando ou quer que eu
conte as novidades?
— Me chame de Alyana! Pode contar.
Rebecca foi até o quarto da amiga
novamente. O que fez a Alyana a seguir e correr para fechar o laptop,
fazendo a
amiga balançar a cabeça de forma negativa.
— Algum problema com o laptop? —
perguntou a Rebecca, que fazia um embrulho com a coberta da cama e a
fantasia
da Samus. — Não vai usar uma roupa? Poderia pelo
menos calçar alguma coisa? Não
quero que você fique doente.
Alyana riu maliciosamente.
— Como se você não gostasse
de me
ver nua... e não tem nada de errado com o laptop.
Só vou colocá-lo para
carregar.
A amiga dela apenas revirou os olhos
e continuou o que parecia uma rápida
arrumação no quarto. Ela abriu o baú
na
frente da cama e pegou uma colcha rosa-clara e começou a
cobrir a cama. Rebecca
ficou irritada por sua amiga nem tentar ajudá-la, mas
não reclamou, pois viu
que ela estava colocando o laptop para carregar sobre a escrivaninha.
— O que aconteceu no show? —
perguntou a Rebecca, começando a arrumar a penteadeira.
— Não sei, Becca. Apenas
não
aguentei...
— Estranho. Antes você aguentava
enrolar seu orgasmo por quase duas horas e poderia ter feito
várias vezes, mas
terminou de repente o show. Tem alguma coisa te incomodando. Eu sei...
Alyana pegou umas pantufas embaixo
da cama, e elas tinham a forma do Yoshi do jogo do Mario. Rebecca saiu
do
quarto com a trouxa de roupa nos braços, sendo seguida pela
amiga. Rebecca
escondeu que ficou feliz pela amiga usar pelos menos as pantufas.
— Vamos tratar de negócios
— sugeriu
a Alyana.
— Se é o que você quer.
Você não
deveria ficar respondendo todos os comentários de seus
fãs, pois muitos deles
são nojentos demais. — Rebecca fez uma
expressão de nojo. — Como alguém pode
achar sensual falar para uma mulher que vai fodê-la por
trás até rachá-la ao
meio. Outro falou que queria de cortar... Acho que ele é
algum tipo de
psicopata. Não deveria dar munição
para essas pessoas. Só responda os
comentários mais comportados. O que é um pouco
difícil, apesar de que, muitos
dos seus fãs morreriam por você. — Becca
riu. — Se isso pudesse ajudá-los a
transar com você.
— Eu sempre trabalhei assim. Não
posso escolher os meus fãs. Sou uma atriz pornô...
— Não! Você é
apenas uma camgirl.
Rebecca foi levar as roupas para a
área de serviço, que ficava em uma das portas
próximas a mesa de jantar, a
porta mais próxima da parede com a entrada do apartamento,
enquanto a Alyana
voltou a sentar no sofá, do seu jeito nada feminino, com as
pernas abertas.
Enquanto isso sua amiga foi até o banheiro verificar se
estava tudo bem. Ela
voltou irritada.
— Eu gostei que você manteve o
banheiro organizado, mas não precisa molhar todo o
chão.
— Depois eu limpo...
— Você?! Acho melhor eu limpar.
—
Rebecca logo passou pela amiga com um esfregão e um balde
preto, que ela pegou
atrás da porta do lado da área de
serviço. — Um estúdio mandou uma
proposta
para você.
— O que eles queriam, Becca?
A gargalhada da amiga da Alyana já a
deixou preparada.
— Eles perguntaram quantas coisas
você consegue colocar em seu ânus ao mesmo tempo.
Por isso já os ignorei.
— Como anda o resto dos negócios?
—
perguntou a Alyana, fingindo interesse, pois estava pensando no Alek,
enquanto
mexia em seus cabelos.
— Mesmo eu não gostando, hoje mais
oito pessoas assinaram e pagaram sua “Lista do
Sexo”. Agora são 16 pagantes. —
Becca terminou de limpar o banheiro e foi guardar o esfregão
e o balde. — Ainda
há tempo para desistir e devolver o dinheiro deles.
— Não vou fazer isso —
discordou a
Alyana, ficando irritada. — Eles estão pagando,
tenho que dar o que eles
querem.
— Você que sabe, mas ainda acho
muito perigoso e já são muito mais que os
inscritos no ano passado. Se poucos
causaram aquele incidente... nem quero imaginar o que poderia acontecer
neste
ano.
Alyana ficou observando sua amiga arrumar
o rack e depois ir arrumar a escrivaninha da sala.
— Eles querem foder comigo. Todos
sempre quiseram isso. Só estou dando a chance para eles...
— Por dois mil dólares, dar para se
fazer uma festa com garotas de programa que cobram bem menos e
não são de se
jogar fora. Espero que nenhum ache que está em seu direito
machucá-la, como no
ano passado.
As lembranças de algo ruim invadiram
a cabeça da Alyana, que começou a mexer nos
cabelos de forma mais agitada.
— Desculpa — pediu a Becca,
segurando no braço da amiga. — Não
deveria lembrá-la disso.
— Não tem problema. De qualquer
forma eles não vão foder apenas uma vez, mas
poderão ficar o dia inteiro o
fazendo se quiserem.
Neste momento a Rebecca viu a xícara
no chão.
— Já sei o que está te
incomodando.
— Ela ficou muito desapontada, balançando a
cabeça em reprovação. —
Pensei que
você tinha parado com isso. Como você quer vender
sexo se transa com qualquer
um que apareça?
— Como?!
— Não se finja de inocente. Agora
entendo o que era a campainha, a xícara no chão e
aquela caixa com a bandeira
do Brasil.
Alyana ficou surpresa ao notar que
sua amiga reparava em tudo.
— Eu não transei com
ninguém! —
defendeu-se a Alyana. — E se eu tivesse não
é da sua conta... Você nunca se
importou com isso!
— O que ele era? Um entregador?
Apesar de que, por suas roupas...
— Você o viu no corredor?! —
A dona
do apartamento não escondia a alegria ao falar sobre seu
novo amigo.
— Então era ele. — Becca se
lembrou
do Alek no corredor. — Ele era bem-educado. Me cumprimentou
no corredor. Até
senti pena dele ao imaginar como ele aguentaria o frio que
está fazendo com
apenas um terno.
— Será que ele está bem?
Está muito
frio? Acho que eu deveria ir atrás dele com um casaco...
Rebecca não aguentou e começou a
gargalhar da amiga, que ficou confusa.
— Você não está
falando sério? —
perguntou ela, ao pegar a xícara no chão.
— Deu chá para ele? Ele é
inglês?
— Não! Ele é brasileiro...
— Isso explica a bandeira. Você
está
louca para falar sobre ele. Posso notar. Vamos a outro
capítulo de 50 tons de
cinza, versão Alyana Rubi.
— Engraçadinha. Não
aconteceu nada
de errado. — Alyana teve que seguir a amiga até a
cozinha, na qual ela ficou na
porta, enquanto a Becca fazia questão de deixar o
apartamento impecável, indo
lavar a xícara. — Não sei o que
aconteceu ao certo. Eu estava usando as roupas
de agora...
— Ou seja, nenhuma — provocou a
Rebecca, saindo da cozinha.
— Posso continuar? — Alyana esperou
a amiga fazer que sim com a cabeça antes de continuar:
— Ele veio fazer uma
entrega para seus amigos brasileiros. Era um favor, mas ele
só conseguiu fazer
a entrega depois de um ano.
As duas foram se sentar no sofá
novamente. Alyana se sentou de costas para amiga, que
começou a fazer uma
trança em seus cabelos.
— Então ele te reconheceu e
vocês
transaram?
— Não!
— Não precisa mentir para mim.
— Não estou mentindo e nunca menti
sobre isso antes.
— Então continue.
— Ele me reconheceu, mas não do meu
trabalho como Alyana Rubi. Ele me reconheceu do meu vídeo
antigo de unboxing...
— Uau! Isso foi há quase 10 anos.
Mas ele não sabia nada sobre seu outro trabalho?
Alyana ficou confusa, pois era
difícil de acreditar que alguém não
conhecesse seu trabalho nada comum,
principalmente homens.
— Acho que ele foi sincero quando
falou. Ele era diferente dos outros...
— Diferente? Pois todos seus fãs
são
estranhos — brincou a Rebecca. — Alguns
são mais que outros, mas nenhum é
normal.
— Não! Eu disse diferente e
não estranho!
Ele não ligou para minhas roupas. Se fosse outro homem, com
certeza tinha
tentado algo. Acho que ele é gay, ou sei lá.
A amiga da Alyana riu.
— Você tentou algo?
— Tentei, mas ele me ignorou. Acho
que ele realmente é gay...
Rebecca notou que sua amiga tinha
dúvidas em suas palavras.
— Dispensar uma mulher como você...
Até mulheres querem transar com você...
Também acho que ele é gay... apesar de que,
até os gays querem transar com você... Uau! Quem
não ia se sentir atraído por
você, pois é você...
— Isso é um convide?
Depois de revirar os olhos, Rebecca
explicou:
— Não teria como alguém
não tentar
algo...
— Como você?
— Nunca tentei nada! Pare com as
brincadeiras e continua a contar seu capítulo dos 50 Tons de
Cinza.
Sem conter as risadas, Alyana
continuou:
— Ele me cantou, mas eram coisas
bonitas... Nada nojento como de costume. — Alyana segurou a
mão que o Alek
tinha tocado. — Ele me elogiou e segurou na minha
mão, depois que eu me senti
uma estúpida por não saber nada sobre o
país dele.
Pelo semblante preocupado da
Rebecca, ela não gostou muito de alguém ter
tocado sua amiga, mas não por
ciúme.
— Está tudo bem? Não teve
nenhum
problema com ele tocando sua mão? Principalmente essa.
A Alyana abriu a mão e ficou
observando pensativamente uma grande cicatriz na palma da
mão que o Alek tinha
tocado. Ela sacudiu a cabeça tentando afastar alguma
lembrança ruim.
— O que você não sabe sobre
o Brasil?
— perguntou a Becca, tentando mudar de assunto ao notar que
sua amiga não
estava bem ao observar a cicatriz.
— Tudo! Nem sei o que todos sabem...
— Você nunca sabe nada de nada.
Não
sei para que se preocupar?
Alyana ficou triste com o comentário
da amiga, que notou no momento que ela puxou o cabelo para impedi-la de
continuar com a trança que já estava quase pronta.
— Desculpa. Não queria passar na sua
cara que você largou a escola.
— Não tem problema...
— Como foi que ele tocou? — Becca
perguntou, ao ver a Alyana alisando a mão.
Ficando envergonhada e surpreendendo
sua amiga, Alyana respondeu:
— Não foi nada sexual ou algo do
tipo... A mão dele era diferente. O jeito dele me tocar...
— Diferente como?
— Não sei como dizer... As
mãos dele
eram quentes e macias.
Rebecca não pode conter a risada,
deixando a amiga irritada.
— O que foi? — perguntou a Alyana.
— Uau! Você não sabe nada
sobre isso
ou está fingindo?
— Sobre o quê?
— Não é nada. Conte mais
sobre seu
novo amigo. Ele fala inglês...
— Sim, mas não tem sotaque e o nome
dele é Aleksandr.
— Aleksandr? Mas ele não é
latino?
— Ele falou que a mãe dele
é muito
criativa com nomes.
A expressão da Rebecca mudou para
uma muito séria.
— Mesmo ele parecendo legal, não
acho que deveria tê-lo deixado entrar. Com certeza
você nem usou o interfone?
— Ele não é perigoso. Nem
sabe quem
sou eu.
— Pode até ser que seu namoradinho
gay não seja perigoso, mas ao descobrir sobre seu trabalho,
tenho certeza que
vai se tornar perigoso...
— Ele não é meu
namoradinho gay! E
ele me prometeu não procurar sobre mim na internet.
— Como consegue saber tudo sobre
sexo e ser tão inocente? — Becca ficou muito
desapontada com a amiga. Ela se
levantou e foi pegar um smartphone preto em sua bolsa. — Vou
pedir alguma coisa
para nós comemos. Tenho certeza que você
não se alimentou ainda.
— Não precisa e eu não sou
inocente!
Ele vai cumprir o que prometeu.
— Mesmo depois do ano passado
continua a confiar nas pessoas. Acho que você deveria ser
mais a Lindsay e menos
a Alyana...
— Não me chame desse nome! Meu nome
é Alyana Rubi.
Rebecca percebeu que era difícil
dialogar com sua amiga naquele momento, por isso ela começou
a se preparar para
ir embora.
— Só quero que você se
proteja. Não
precisa fazer loucuras por causa dos seus 100 mil fãs que te
abandonaram. Já
falei que mesmo com essa perca ainda temos dinheiro para você
manter sua vida
luxuosa. — Rebecca abraçou a amiga, que ficou sem
jeito. — Já vou embora. Só
passei aqui para saber se estava tudo bem e se você estava se
alimentando
direito. Não se esqueça de falar comigo pelo
Skype antes de dormir. Coma alguma
coisa, mas nada de doces ou salgadinhos. Também
não fique respondendo os
comentários maldosos de seus fãs por toda a
madrugada. Eles não merecem esse sacrifício.
Alyana seguiu a amiga até a porta do
apartamento.
— Tome cuidado — pediu a Becca.
—
Mesmo com seu namoradinho gay. Os homens são perigosos...
— As mulheres também são.
As duas acabaram rindo.
— E ele não é meu
namoradinho gay —
reclamou a Alyana, entregando a bolsa da amiga e o casaco.
— Uma ajudinha aqui. — Depois de
usar o casaco com ajuda da amiga, Becca pegou o saco do lado de fora e
balançou
a cabeça, desapontada, antes de seguir seu caminho pelo
corredor. — Até logo e
não esqueça do Skype.
Alyana, não falou nada, sentiu um
alivio e até acabou por bater a porta ao fechá-la.
Era começo de noite, quando Alyana
decidiu ir comer alguma coisa. Ela ia até a cozinha, mas riu
maliciosamente e
foi até uma estante ao lado do rack. Na parte de baixo tinha
vários sacos de
salgadinhos abertos e alguns doces. Ela pegou tudo e levou
até o sofá.
— Foda-se, Becca! Aqui minha comida
sadia! — disse ela enchendo a mão de salgadinhos e
rindo.
Alyana ficou comendo e lendo as
mensagens no smartphone. Ela sentiu vontade de jogar videogame, mas
não o fez,
pois não queria sujar os controles e só estava
pensando em fazê-lo por causa do
Alek. Ela imaginou que jogos ele jogava e se ele estava jogando naquele
momento, o que a fez pensar em ligar para ele, mas desistiu. Ao comer
um
bolinho recheado, Alyana pensou no doce que o novo amigo falou. Ela
queria
poder experimentar o tal doce brasileiro. Ao pensar em como seria a
vida comum
de seu novo amigo, uma forte depressão a bateu. Alyana
só se sentiu melhor,
depois que comeu todas as guloseimas, deixando o sofá uma
verdadeira bagunça.
Ela achou melhor ir se deitar,
depois que passou no banheiro e viu que sua amiga o tinha deixado
impecável. No
quarto, Alyana usou uma calcinha branca e um sutiã
também na mesma cor, desligou
a luz e depois se jogou na cama com o laptop e ficou ali deitada de
lado. Ao
abrir o laptop, uma luz de LED na cor rosa circulando as teclas e
iluminando
suas funções, foi acionada por causa do escuro. A
luz rosa iluminava o quarto,
projetando-se nas paredes, ficando perfeito para usar o laptop no
escuro, sem a
necessidade de qualquer outra iluminação. O som
do Skype foi a primeira coisa
que a Alyana escutou e já o abriu, um pouco decepcionada,
pois era sua amiga,
que com certeza ia dar continuidade a reclamação.
Assim pensou a Alyana.
— Demorou — reclamou a Rebecca, que
agora estava usando um camisão rosa-claro e parecia
está em sua cama, em um
quarto com paredes bege.
— Eu estava comendo...
— Comida de verdade, espero?
Alyana não respondeu, deixando sua
amiga desapontada.
— Desculpa por ser tão severa com
você — disse a Becca. — Você
sabe que eu te amo Linds, não quero que nada de
ruim aconteça com você...
— Já aconteceu... várias
vezes...
— Então, seu namoradinho gay ligou
ou algo assim? — perguntou a Rebecca, mas para mudar de
assunto do que por
interesse.
— Não. Eu pensei em ligar para ele,
mas desistir...
— Você tem o número dele? O
negócio
foi sério. Tem certeza que não transou com ele?
— Já falei que não!
Você está muito
ciumenta. Antes você não era assim, quando eu
fodia por toda a cidade com
qualquer um.
— Desculpa. Só quero entender o que
aconteceu.
— Vamos mudar de assunto? — Alyana
virou o laptop para a amiga poder ver seu corpo. — Para
você dormir pensando em
mim.
— Engraçadinha — reclamou a
amiga,
que achou melhor elogiar ao notar que a Alyana não estava
muito feliz: — Você
está maravilhosa.
— Posso fazer uma pergunta? —
perguntou a Alyana, um pouco envergonhada.
— Você não é o
tipo de pessoa que pede
permissão para perguntar.
— Vou ver isso como um sim. O que
você acha de eu reativar meu canal no Youtube? Posso fazer um
unboxing da caixa
do Brasil. Acho que vai ser legal fazer algo diferente...
— Não!
Alyana ficou frustrada com a reação
da amiga.
— Como assim não?!
— Não vai dar certo. Depois que
você
escolheu ser uma camgirl...
— Atriz pornô.
— Camgirl e pronto! Não tem como
você ter um canal no Youtube. Não que
você seja ruim, mas não posso arriscar
você fazer um vídeo que atraia pessoas de
família e menores de idade, que com
certeza vão querer saber mais sobre você, e ao
procurar, já sabe o que eles vão
descobrir... Você não pode ter tudo e
não vai dar certo de qualquer forma.
Alyana bufou irritada e fechou o
Skype.
— Como ela ousa dizer que eu não
posso ter tudo. Como se eu não tivesse feito nenhum
sacrifício... — Neste
momento Alyana sentiu uma grande tristeza. Ela se esforçou
para não chorar e
começou a mexer nos cabelos. — Ela que se
sacrificou por mim.
Sem coragem de pedir desculpas à
amiga, Alyana foi responder os comentários de seus
fãs. Eles estavam mais
calmos, mas logo começaram os comentários
infames; alguns diziam que queriam
fazê-la sangrar de tanto foderem com ela. Outros prometiam
deixá-la com o ânus
todo rasgado. O pior é que até mulheres faziam
comentários horríveis. No
momento que a Alyana viu um homem dizendo que ia estuprá-la
se a encontrasse na
rua, ela não aguentou e fechou o laptop, ficando deitada em
posição fetal,
quase chorando e mexendo nos cabelos, mas ao se lembrar do que o Alek
tinha
falado mais cedo: sobre ela poder fazer qualquer coisa com um pouco de
esforço,
ela se sentiu mais calma e adormeceu, porém um sono
inquieto, pois ela se
virava de um lado a outro por causa de pesadelos confusos e uma
sensação de
insegurança, que a fazia olhar os cantos do teto para voltar
a dormir.
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