Amor Pela Câmera - Capítulo 2 - A Gringa Que Tentava Sambar
Uma garota caminhava nervosamente
por um corredor. A garota tinha a pele clara, longos cabelos negros,
que
estavam soltos e na frente de sua face, uma franja quase cobria seus
olhos
azuis. A garota era dona de um rosto bonito, que possuía uma
pinta do lado
esquerdo, logo acima da boca, mas não era só seu
rosto que chamava a atenção,
pois seu corpo era bem definido, fazendo-a se passar por uma mulher
adulta
facilmente. Suas curvas eram notadas por causa de suas roupas;
calça jeans azul-escura,
muito apertada, um top azul-escuro, deixando seu abdome malhado
à mostra e ela
estava calçando botas pretas com os canos altos por cima da
calça, quase
chegando aos joelhos. Ela tentava se proteger do frio que estava
fazendo no
corredor, cruzando os braços na frente do corpo, mas era
inútil, pois o local
era muito frio, o que a fazia torcer para que seu objetivo fosse um
lugar quente
e agradável.
A garota de olhos azuis, fitava o
corredor, que não possuía janelas, apenas portas
de madeira clara, separadas
uma da outra por alguns metros, sempre com uma outra porta na frente e
todas
possuíam maçanetas cromadas. Ela ficou aliviada
por notar os números pretos
garrafais nos centros das portas, pois o corredor estava vazio e ela
não queria
sair batendo em cada porta até encontrar a do seu destino,
pois era sua
primeira vez naquele lugar. A garota olhava em volta, ainda muito
nervosa, o
que a fez reparar nos detalhes do corredor, como as paredes bege,
cheias de
cartazes, adesivos e painéis, de várias cores e
tamanhos, todos dispostos
aleatoriamente, o que deixava as paredes bem coloridas. O piso gelado
era de
mármore claro e a garota notou que ele estava precisando de
uma limpeza, pois
tinha alguns papeis espalhados por ele e se podia notar que tinha
poeira, pois
suas botas deslizavam um pouco como se tivesse areia no
chão, o que só deixava
mais difícil sua caminhada nervosa. A
iluminação artificial, feita por
luminárias compridas, sendo suas luzes em um tom amarelado
para deixar o lugar
mais aconchegante, não funcionava muito bem por causa do
frio, assim, elas só
serviam apenas para sua função inicial. A garota
pensou que alguém deveria
colocar alguma espécie de aquecedor no corredor, pois o
lugar parecia ser bem
rico e organizado.
Depois que pegou um celular rosa que
estava no bolso da calça jeans, a garota verificou alguma
coisa antes de parar
na frente de uma porta com o número 37. Ela se preparou para
bater à porta, mas
parecia não ter coragem, ficou olhado algumas mensagens no
celular e só depois
de o guardar e respirar fundo voltou a posição de
bater à porta. Finalmente
bateu, de uma forma apressada.
— Entra! — mandou alguém
com voz
feminina, porém autoritária. — A porta
está aberta. Você deveria parar de ficar
chegando tão tarde antes do dia das provas.
Depois de respirar fundo, a garota
entrou, quase gemendo ao tocar na maçaneta cromada da porta,
que parecia de
gelo por causa do frio. Ela fechou a porta com cuidado para
não a bater e
incomodar sua anfitriã, depois ela começou a
reparar no quarto, como nas
paredes bege e no tapete, que parecia ser bege-escuro, quase
verde-escuro,
pensou ela. Até no cheiro estranho do quarto ela reparou,
mesmo assim, ela
agradeceu pelo lugar ser muito mais quente que o corredor, a coitada
pensou até
em beijar o termóstato. Ela fitou a
iluminação artificial do centro do teto,
que fazia muito bem seu papel, mas não só de
iluminar, pois ali a cor amarelada
funcionava, deixando o lugar mais aconchegante. Por mais bizarro que
fosse seu
devaneio sobre o termostato, ela não sorriu, continuou a
reparar no quarto,
pensando se aquele tapete que revestia todo o piso era quentinho, e
pelo jeito
macio dele, talvez fosse, pois ela podia notar, mesmo com suas botas.
De frente
para porta, a garota de cabelos pretos viu uma cama de solteiro, que
ficava no
canto entre a parede da esquerda e a em paralelo a da porta, com sua
cabeceira
encostada a em paralelo. O design da cama era antigo, de madeira
escura, com a
cabeceira com o topo redondo e as pernas dela eram curvadas. Ao reparar
na
organização da coberta bege-clara da cama e no
travesseiro com sua fronha na
mesma cor para combinar, a garota já tinha uma ideia de quem
era o dono daquela
cama, pois havia mais de uma cama no quarto, só que a outra
ficava encostada na
parede da direita, porém, ela estava com a coberta
bagunçada e o travesseiro
jogado em um canto, e eles possuíam a mesma cor das da outra
cama. Ela viu a
janela que separava as camas, umas das coisas mais modernas naquele
quarto,
pois ela era de metal cromado. A garota agradeceu pela janela
está fechada,
mesmo com suas cortinas bege abertas, revelando o que seria uma noite
agradável
com lua cheia, se a garota tivesse roupas apropriadas para o frio. Foi
neste
momento que ela reparou que o quarto parecia se divido no meio, pois o
lado da
cama bagunçada era cheio de pôsteres mal colados
nas paredes de forma aleatória.
Eles eram de bandas de rock, pop e alguns eram de filmes, e todos
sempre
enfatizavam homens sem camisas. O contraste era muito grande entre o
lado
esquerdo e o direito do quarto, o que fez a garota ter certeza de quem
pertencia a cama da esquerda. Logo abaixo da janela, havia uma
cômoda antiga,
seguindo o design das camas; com suas pernas curvadas e seus puxadores
de ferro
pintado de preto. Sobre a cômoda tinham várias
roupas intimas femininas de
várias cores e, entre elas, uma tigela branca, do que
parecia ter sido servido
cereal a alguém, mas pelo jeito foi logo cedo ou
há alguns dias, o que fez a
garota pensar em como a pessoa que dormia do lado esquerdo aguentava
seu
companheiro de quarto. Ao olhar para a cama bagunçada, a
garota foi a seguindo com
os olhos até chegar em dois roupeiros altos com uma
única porta cada, que
ficavam logo ao lado da cama da direita. Os roupeiros eram antigos,
também de
madeira escura e possuíam um espelho em suas portas, o que
fez a garota ver seu
reflexo, ficando desapontada ao notar como estava abatida e como suas
roupas
eram ridículas. Os espelhos dos roupeiros eram cheios de
adesivos, o mais
próximo a cama tinha vários de homens sem
camisas, enquanto o do lado tinha
apenas de silhuetas de borboletas roxas, azuis e rosas, mas o que
chamava a
atenção era que eles eram postados de forma
organizada, combinando tamanho,
posição e cor. Finalmente ela chegou no que
queria; era uma escrivaninha
encostada na parede em que ficava a porta do quarto. A escrivaninha
também era
antiga, com pernas curvadas e sem gavetas, sobre ela tinha algumas
coisas
modernas; um laptop preto fechado e uma luminária pelicano
desligada, também
preta, mas não era só o que havia sobre ela, pois
haviam livros grossos
fechados e abertos, formando pilhas. Próximo a escrivaninha
tinha uma cadeira preta
de escritório com rodinhas, que mesmo sendo mais moderna que
a escrivaninha,
estava claro que era desconfortável, pois seu encosto era
baixo e pelo jeito
que a pessoa que a ocupava se mexia, pessoa que era o motivo da
presença da
garota de olhos azuis no quarto.
Quem estava sentado à escrivaninha era
uma garota de pele clara, com cabelos longos loiros amarrados em rabo
de cavalo.
Seus olhos eram verdes e ela estava usando óculos que tinham
uma armação grossa
preta. A visitante estava reparando em todos os detalhes da garota,
pois fazia
tempo que ela não a via, fazendo-a perceber que quase tinha
esquecido como a
loira era. A loira estava vestida com um camisão branco com
uma estampa de uma
silhueta de uma borboleta roxa na frente e nos pés ela usava
pantufas cinzas,
que a visitante se lembrou que foram um presente dela. A garota loira
parecia
muito atenta aos estudos, sempre lendo algo em um livro e depois indo
pesquisar
algo em outro, o que a impedia de reparar em sua visitante.
— Você deveria deixar eu te ajudar
com os estudos — disse a loira, sem ao menos olhar para quem
estava no centro
do quarto. — Depois todos ficam dizendo que eu estou
atrapalhando suas notas,
pois passamos a noite toda fazendo algo que seria
impossível... Principalmente
por você ter preconceito. — Ela arrumou os
óculos e sorriu. — Não vou te
atacar...
— B-Becca...
A estudiosa reconheceu a voz na
hora. Ela não sabia como reagir. Estava assustada, mas
feliz, se sentindo uma
estúpida por não ter notado antes quem era sua
visitante, o que a fez olhar
para o espelho do roupeiro para ver se estava arrumada, depois pulou da
cadeira
e viu que sua amiga estava com os olhos cheios de lágrimas e
parecia muito
abatida.
— Linds! O que aconteceu? —
perguntou ela indo até a visitante.
— Eu fui expulsa...
— Então era verdade. —
Rebecca
abraçou a amiga que já estava aos
soluços. — Vai ficar tudo bem.
— Não vai...
— Vai sim.
Rebecca ajudou a Linds a se sentar
na cama organizada e ficou mexendo nos cabelos da amiga até
ela se acalmar para
saber o que realmente tinha acontecido, perguntando:
— Como aconteceu?
Depois de respirar fundo, Linds
começou a contar:
— Eu e o meu namorado estavam
transando, até que ele teve a ideia de fazer um
vídeo...
— Não acredito que era verdade
—
interrompeu a Becca, muito desapontada. — Mandaram para mim o
vídeo... Eu não
quis acreditar. Falei para todo mundo que não era
você... E agora? A polícia
está atrás de você, pois você
é menor de idade?
— Não! Meus pais me expulsaram de
casa, depois que souberam do vídeo por alguém da
igreja. — Linds voltou aos
soluços ao se lembrar de algo. — Os pais do meu
namorado me culparam pelo que
aconteceu e não me deixaram ficar na casa deles. Depois o
filho da puta
terminou comigo... Ele me deu 200 dólares como se estivesse
pagando a uma
prostituta... Só restava ir atrás de
você.
A Rebecca não sabia o que dizer e
nem o que fazer. Ela deitou amiga de lado na cama, depois se deitou ao
seu lado
a abraçando e olhando para seu rosto abatido. Rebecca
não aguentou e começou a
chorar ao ver sua amiga tão vulnerável e triste.
As duas ficaram ali até a
Linds dormir, sono que não durou muito, pois pesadelos a
fizeram-na acordar.
— Está tudo bem — confortou
a Becca,
sorrindo para a amiga.
— O que eu vou fazer? — perguntou a
Linds. — Eu não tenho dinheiro, não
tenho um lugar para ficar e... nem tenho
outra roupa, a não ser a que estou vestindo agora.
Rebecca se levantou apressada e
começou a mexer na cômoda do quarto. Linds ficou
confusa com a reação da amiga
e perguntou:
— O que você está fazendo?
— Se lembra que eu falei que sonhava
com o dia que você fosse me visitar na faculdade? —
Becca viu a amiga confirmar
balançando a cabeça. — Não
queria que fosse numa situação como esta, mas
finalmente você está aqui... Tinha tantas coisas
que eu queria de mostrar.
Linds começou a notar que sua amiga
estava fazendo as malas, que ela pegou debaixo da cama. As malas eram
pretas
com rodinhas.
— O que está fazendo?
— O que eu deveria ter feito depois
que terminei a escola...
— O quê? — Linds ficou mais
confusa
no momento que Becca colocou um casaco preto nela como se fosse sua
filha.
— Não importa o que
aconteça, eu vou
cuidar de você para sempre... Eu prometo.
Os olhos da duas estavam cheios de
lágrimas, mas a Rebecca continuava a fazer as malas.
— Você não pode fazer isso
— disse a
Linds. — E seus estudos? Seu futuro?!
— Não se preocupe com isso... Se eu
estiver com você não vou precisar de mais nada.
Depois que terminou as malas,
Rebecca trocou de roupa; calça jeans preta, uma blusa
branca, um blazer cinza
por cima e um par de botas pretas. As duas foram saindo do quarto. Ao
saírem
foram surpreendidas por uma garota, que possuía cabelos
castanhos curtos e
olhos também castanhos. A garota era bonita e um pouco mais
alta que a Becca.
Ela estava usando um casaco preto, calças de moletom cinzas
e tênis preto. Ela
ficou confusa ao ver a Becca saindo puxando as malas de rodinha.
— Amanhã tem prova — avisou
a garota
de olhos castanhos.
— Que se dane a prova! — gritou a
Rebecca, beijando os lábios da outra garota em seguida.
— Eu sei que você
escondia que gostava de mim fingindo ter preconceito... mas eu amo
outra
pessoa.
Não era preciso dizer para Linds que
a pessoa que a Rebecca amava era ela, por isso ficou lisonjeada, o que
a fez
ajudar sua amiga, puxando a outra mala, depois ela a
abraçou. As duas foram
caminhando lentamente, uma ao lado da outra. Linds se sentia protegida,
parecia
que nada daria errado ao lado da Rebecca. Enquanto a antiga companheira
de
quarto da Rebecca, continuava com a mão sobre os
lábios beijados. Ela se
encostou na parede e notou que realmente tinha gostado, o que a fez
suspirar.
Do lado de fora do dormitório, Linds
ficou observando a lua cheia, depois foi olhar para o prédio
do dormitório. Ela
notou que não teve muito tempo para fazê-lo no
momento que chegou, pois estava
muito frio. O prédio tinha dois andares. No meio dele tinha
uma porta dupla
grande de madeira clara com alguns degraus para
alcançá-la e a fachada era
cheia de janelas; algumas largas e outras quadradas, e na sua maioria
estavam
com as cortinas fechadas, mas se podia notar as luzes do interior pelas
frestas
das cortinas. Becca achou estranho sua amiga ficar observando o
prédio, pois
quem deveria fazer isso era ela, pois estava indo embora do lugar que
foi seu
lar por um tempo. As duas iam seguindo pelo caminho de concreto
dividindo o
gramado que possuía algumas árvores dispostas
aleatoriamente. O lugar estava escuro,
mas não muito por causa da grande lua cheia, que iluminava a
noite.
— Você me espera aqui? —
pediu a
Becca, ajudando a amiga a se sentar em um banco de praça
preto, que estava na
calçada de concreto. Ao lado do banco tinha um poste de
metal preto com dois
globos. Linds notou que o banco foi escolhido pela Becca para
não a deixá-la no
escuro. — Eu já volto.
Linds ficou esperando até que
resolveu dar uma volta, puxando as malas da amiga. Ela viu a Becca em
dentro de
uma sala por uma janela grande. Não dava para ver com quem
ela conversava e nem
escutar, mas pelos gestos dela e pelo seu semblante, estava claro que
era algo
sério. A Rebecca parecia que estava ofendendo
alguém, que entregou para ela uma
espécie de documento, que ela o rasgou e jogou contra a
pessoa. Ao notar que a
amiga já ia voltar para o lado de fora, Linds correu
até a entrada do
dormitório.
— O que aconteceu? — perguntou ela
ao ver a Becca, um pouco abatida.
— Não se preocupe com isso. Vamos
ficar na casa dos meus pais até eu achar um lugar.
— O-Obrigada...
— Não agradeça ainda.
Na noite do dia seguinte. Linds
aguardava na frente de uma linda casa com dois andares. Linds tinha
dado uma
boa reparada na casa, pois fazia tempo que não ia
até ela. A casa tinha sua
fachada constituída por pranchas de madeira na horizontal,
todas pintadas de
branco. No meio da casa, uma porta de madeira pintada de branco e com
as
laterais com vidros para ver quem estava do lado de fora, fez a Linds
se lembrar
da Becca, ainda criança, olhando pelos vidros, enquanto a
mãe dela reclamava,
explicando que a Becca estava de castigo por algo que a Linds tinha a
forçado a
fazer. A lembrança a fez sorrir, pois Linds não
era a melhor companhia para a
Rebecca, mas agora estava claro que a Rebecca era sua melhor amiga.
Sempre foi,
pensou ela. Linds aguardava na pequena área coberta e com
uma luminária simples
branca no teto. No lado esquerdo e no direito da casa, haviam duas
largas
janelas de madeira pintadas de branco. As janelas possuíam
cortinas brancas,
que estavam abertas, deixando a luz do interior sair e se projetar no
jardim na
frente da casa. No andar de cima, se podia ver duas janelas menores no
mesmo estilo
das do andar inferior, porém, estavam com suas cortinas
fechadas e as luzes do
interior estavam desligadas, mas Linds sabia que a janela da esquerda
era a do
quarto da amiga. O telhado da casa formava um triangulo ao se vista de
frente,
as telhas eram azul-escuras e tinham a forma redonda, como se fossem
gotas.
Telhado que a Linds e Becca já caíram uma vez,
quando elas eram menores. Becca
quebrou o braço e a Linds a perna. Mesmo sendo algo muito
doloroso ela sorriu,
pois se lembrou que pôde ficar na casa da amiga
até melhorar, o que deixou a
mãe da Linds muito irritada no começo, mas depois
a mãe dela até ajudou a da
Becca com comida e até dinheiro. Naquela época as
mães das duas começaram a
gostar da amizade que as filhas tinham uma pela outra.
Linds começou a caminhar pelo
jardim, pensando no motivo da demora. Novamente ela viu a Becca por uma
janela
e ela novamente estava discutindo com alguém. Só
que agora ela conseguiu ver
quem era a outra pessoa. Era a mãe da Rebecca, que parecia
uma versão mais
velha dela, porém, sem óculos, com os cabelos
amarrados em forma de coque e
usando um vestido longo verde-escuro. As duas pareciam estarem bem
irritadas.
Linds queria poder escutar, mas não conseguia. Depois que a
Becca saiu da sala,
ela demorou um pouco para voltar com duas outras malas pretas de
rodinhas.
— O que aconteceu? — perguntou a
Linds.
— Não poderemos ficar aqui, mas eu
vou dar um jeito. — Becca apontou para as malas. —
Vou vender estas coisas e
com o dinheiro que eu tinha guardado poderemos nos aguentar por alguns
meses.
Tempo suficiente para conseguimos empregos.
— Não precisa fazer isso...
— Não se preocupe com isso.
—
Rebecca forçou um sorriso. — Escolha uma cidade,
ou país. Não me importo onde
seja, só quero ficar perto de você.
— Chicago — disse a Linds, sorrindo
para a amiga.
— Então vamos. — Becca saiu
na
frente, puxando duas malas, sem notar que sua mãe olhava
pela janela,
desapontada com ela.
— Espere por mim — pediu a amiga da
Becca, que pelo sorriso, já estava se sentindo bem melhor.
— Não seja tão devagar.
— Não sou devagar —
discordou a
Linds, puxando as outras duas malas.
As garotas começaram a rir. Rebecca
parou na frente da amiga e ficou a fitando. Linds ficou confusa.
— Eu vou cuidar de você para sempre.
Eu prometo.
Rebecca parecia que ia beijar os
lábios da Linds, que até fechou os olhos, mas
apenas sentiu um beijo no rosto.
Mesmo assim ela gostou e estava perfeito para ela. As duas voltaram a
caminhada
e a sensação que nada podia as parar as
dominaram, fazendo-as correrem, rindo e
puxando as malas.
––––––––––
O som do Skype já estava tocando há
um bom tempo, quando a Alyana despertou. Ela olhou em volta e viu que
já era
dia, pois a luz do dia podia ser vista pelas frestas da cortina
persiana. Alyana
estava com muito sono, pois fazia tempo que não tinha uma
noite de sono decente.
Sempre atormentada por pesadelos ou um sentimento irracional de medo,
que a
fazia pensar em pedir para a Becca dormir em seu apartamento, mas ela
sabia que
sua amiga jamais faria isso. Não depois do que ela fez anos
atrás. Alyana riu
ao lembrar-se de algo do passado e se virou para poder ver quem estava
a
chamando no Skype, mas ela já sabia que era a Becca.
— Uau! — surpreendeu-se a Becca ao
ver o estado da amiga. — Não conseguiu dormir?
Espero que você use bastante
maquiagem para hoje...
Alyana abriu a boca, se sentou e
esticou os braços.
— O que tem hoje?
— Você tem que seguir seu
cronograma.
— Não estou com vontade de fazer
isso hoje...
— Não é você que
decide. — Becca
ficou irritada, pois parecia que a Alyana não queria levar a
sério seu
trabalho. — Esqueceu que só tem um pouco mais de
100 mil fãs pagantes? Para
reconquistar seu público é necessário
fazer vídeos novos. Principalmente de personagens
inéditas.
— Eu prometo que eu faço
amanhã.
Hoje...
— Vai ligar para seu namoradinho
gay?
Alyana ficou envergonhada, pois era
o que ela tinha em mente.
— Não! Eu não vou ligar
para ele.
Acha que eu sou o tipo de garota que fica atrás de um homem
como um
cachorrinho?
— Como é que consegue ser
tão
devagar...
— O quê?
— Não é nada. Apenas se
lembre que
seus fãs estão te esperando.
— Não me esqueço deles.
— Alyana fez
uma expressão de nojo, que sua amiga ignorou. —
Você vai vir aqui?
— Só mais tarde. Tenho uma
reunião
com um dono de um estúdio.
Aliviada, Alyana fechou o laptop e
foi se arrumar, pois queria impressionar o Alek ao recebê-lo,
mas ela estava
com medo dele descobrir o que ela fazia para viver, ou ele realmente
ser gay.
— Coragem garota chorona — disse ela
para si mesma, soltando o resto da trança que a Becca tinha
feito em seus
cabelos no dia anterior. — Será que a Becca tem
razão sobre eu tomar cuidado?
Ao ir para a sala, Alyana ia ligar
para o amigo, mas ainda era cedo, por isso ficou fitando a caixa que
ele tinha
trazido no outro dia. Ela acabou por ter uma ideia, que a fez rir
maliciosamente.
— Becca vai me matar... Que se dane
a Becca!
Decidida, Alyana voltou ao seu
quarto, usou uma blusa rosa-clara, uma saia curta em um tom de rosa
mais forte,
penteou os cabelos, deixando duas mexas caída uma de cada
lado do rosto em
frente das orelhas, enquanto o resto dos cabelos os deixou amarrados em
rabo de
cavalo e por último, passou um batom rosa-claro em seus
lábios, mas percebeu que
precisava esconder as olheiras, e o assim o fez com maquiagem. Ela
pegou o
laptop rosa e com cuidado levou a câmera com o
tripé para a sala. Ela preparou
tudo, deixando a caixa que tinha ganhado do Brasil ao seu lado no
sofá, depois
que jogou a sujeira que deixou no sofá no dia anterior no
chão. Terminou por
ajustar a câmera e ensaiou um sorriso.
— Oi! Eu sou Alyana Rubi. — Ela se
apresentou olhando para a câmera, se achando
estúpida, pois o vídeo que estava
fazendo era muito diferente do que tinha costume de fazer. —
Estou reativando
meu canal do Youtube depois de 11 anos para fazer um unboxing
diferente. —
Alyana apontou para a caixa ao seu lado com a bandeira do Brasil
à mostra. —
Como todos notaram, é uma caixa surpresa do Brasil, que eu
ganhei dos meus fãs,
que são: Carlos e Mariana.
A mulher pegou um estilete e começou
a cortar as fitas da caixa.
— Quer surpresa eu terei aqui...
Tenho que dar uma espiada antes para saber se tem algo inapropriado
para o
Youtube. — Ela começou a rir e remexer a caixa,
foi o momento que viu que seu
show ao vivo no Youtube estava começando a fazer sucesso,
pois já tinham mais
de 50 mil pessoas assistindo e comentando, o que a fez pensar em como a
Becca
estava errada. Alyana retirou um pacote de plástico
transparente, revelando o
conteúdo ser algo com as cores da bandeira do Brasil.
— O que será isso? Uau!
Um biquíni... minúsculo.
Rindo maliciosamente ao mostrar o
biquíni, Alyana acabou por ter uma ideia.
— Já volto.
Ao voltar para frente da câmera,
Alyana estava usando o biquíni. Era um fio dental com
estampa da bandeira do
Brasil, com as cores verde e amarelo bem forte. Ela ficou um pouco
nervosa,
pois parecia que estava mostrando demais e poderia acabar por ser
censurada.
— Voltei. Acho que eles erraram o
meu manequim. — Alyana leu uma mensagem de um brasileiro que
assistia ao vídeo
ao vivo, dizendo que era assim mesmo. — Assim mesmo? Uau! As
pessoas no Brasil
são bem liberais.
Ela voltou a mexer na caixa e achou
sandálias com a bandeira do Brasil estampadas sobre ela, o
que fez pensar que
as pessoas no Brasil eram bem patriotas. Ela as usou e continuou a
retirar os
presentes da caixa; um grande enfeite em forma da estátua do
Cristo Redentor,
que possuía um LED verde e amarelo. Depois ele retirou duas
garrafas de
cachaça, que ela não notou se tratar de bebidas
alcoólicas. Por último ela
tirou um DVD com os sambas enredos do Carnaval de dois anos
atrás, mas como
estava escrito em português, Alyana não soube do
que se tratava.
— Obrigada pelos presentes. Espero
que vocês tenham aproveitado o unboxing da caixa do Brasil.
Acho que vou fazer
mais vídeos ao vivo como este. Mandem suas caixas de seus
países, mas não
mandem nada inapropriado, se não, nunca poderei fazer
vídeos com seus presentes.
As pessoas começaram a reclamar,
pois o show foi muito curto. Um dos fãs explicou que o DVD
era de música e que
ela deveria escutar antes de terminar e dar a opinião dela.
Alyana estava muito
enferrujada para o Youtube, diferente do outro tipo de show que ela
fazia, por
isso seguiu o conselho do fã e logo o som do samba
começou a invadir todo o
apartamento. Alyana agradeceu por não ter muitos vizinhos,
pois com certeza já
estariam reclamando.
— Eu gostei. É um som que contagia.
— Ela começou a se remexer ao ritmo da
música.
Ela viu alguém a mandando beber um
pouco das bebidas. A pessoa avisou que ela ia gostar muito. Alyana
pegou um
copo grande de vidro na cozinha e o encheu até em cima, sem
entender o motivo
de seus fãs colocarem mensagens que ela ia acabar morrendo
ao beber aquela
quantidade. Ao beber o primeiro longo gole, notou que tinha
álcool e era muito
forte. Ela fez uma careta.
— Não posso beber isso —
avisou, sem
fazer esforço para não beber um segundo gole.
Alguém a mandou fazer uma Caipirinha.
Alyana ficou atenta e correu na cozinha, voltando com gelo e
limão. Ela seguiu
as instruções e depois bebeu a Caipirinha
malfeita.
— Agora ficou muito melhor. — Ela
esvaziou o copo e voltou a preparar outra Caipirinha gigante, como os
fãs
estavam chamando por causa do copo que ela estava usando. —
Eu deveria tentar
dançar. Como chama essa música?
Depois que alguém respondeu, Alyana
procurou no Google sobre o samba e logo achou um tutorial como sambar.
Ela
começou ensaiando uns passos ao lado do sofá, em
que ela virou a câmera para
que todos pudessem vê-la. Não largava o copo de
bebida. Já estava completamente
bêbada, nem ligava mais para suas roupas serem tão
reveladoras, fazendo
comentários surgirem aos montes e o número de
acessos triplicar.
De repente, Alyana perdeu o
equilíbrio e torceu o tornozelo. Ela caiu de costas no
chão, mas o álcool a
impediu de sentir dor, por isso ela começou a rir, pegou uma
garrafa e começou
a beber, derramando boa parte em seu rosto e no chão. As
pessoas não percebiam
que ela estava com problemas e achavam engraçado.
Ninguém perguntou se estava
tudo bem, mesmo eles ainda podendo vê-la pela
câmera, ou melhor, parte dela.
Alyana acabou desmaiando por causa do álcool.
Um cheiro bom de comida fez a Alyana
despertar em sua cama. Ela notou que estava com uma forte dor de
cabeça e uma
mais fraca em seu tornozelo. Ao olhar em volta, notou que estava em seu
quarto
e que já era noite, pois as persianas estavam abertas.
Estava escuro, mesmo com
a iluminação dos outros edifícios
invadindo um pouco o quarto pela janela.
Confusa, ela se sentou encostada à cabeceira da cama.
— Becca! — chamou.
Ao escutar alguém mexendo na
maçaneta da porta e ligando a luz do quarto, Alyana abriu um
largo sorriso, mas
ficou surpresa ao ver o Alek. Ele estava usando uma camisa polo
azul-clara,
calça jeans azul-escura e sapatos sociais pretos, combinando
com o cinto na
mesma cor. Ele parecia nervoso com algo e carregava com ele dois pratos
com
comida, dos quais vinham o cheiro bom.
— Fiquei preocupado — avisou ele,
sorrindo para a Alyana, que ficou mais confusa, ao notar que estava com
um
vestido longo branco, que era simples, de alças nos ombros e
que fazia tempo
que ela não o usava. — Desculpe, você
está com fome?
Alyana fez que sim com a cabeça e o
Alek entregou o prato para ela. A comida eram dois pães
franceses cheio de
carne desfiada, com molho e com queijo grelhado por cima. Parecia muito
bom e o
cheiro era muito agradável.
— Eu tive que usar sua cozinha. —
Alek riu ao se lembrar de algo. — Você
não deveria usar o seu forno como
armário.
Ainda confusa, Alyana deu uma
mordida no pão e notou que o gosto era bom, pois tinha
queijo misturado a
carne, que ela não conseguia reconhecer que tipo era. Pensou
que talvez fosse
alguma comida comum no Brasil.
— Espero que tenha gostado — disse o
Aleksandr, indo se sentar na cama ao lado da Alyana, mas ele a esperou
mostrar
que não tinha problema ele se sentar ali. — Deu
trabalho encontrar o pão e a
carne perfeita... Também tive que comprar uma panela de
pressão. — Ele riu e
deu uma mordida no pão. — Sua cozinha
está muito desequipada. Como consegue
cozinhar nela? Só achei guloseimas nos armários.
— Eu não cozinho —
respondeu a
Alyana com a boca cheia. — Não sei nem fritar um
ovo. Não precisava comprar uma
panela. Foi muito caro?
— Não. É um presente meu
para
você... Veja como aqueles presentes que os youtubers ganham,
apesar de que, não
achei nenhuma panela de pressão rosa ou da D.Va.
Os dois acabaram rindo.
— Já notou que eu gosto da D.Va?
—
perguntou a Alyana comendo um pouco do sanduíche depois.
— Ela é tão gostosa
com aquela roupa apertada...
— Como? — Aleksandr perguntou de uma
forma que a Alyana ficou envergonhada. Ela começava a achar
muito difícil falar
com alguém como o Alek, pois ele não parecia se
uma pessoa vulgar como ela.
Isso a deixou um pouco triste.
— Quero dizer: Ela é bem legal.
Gosto muito do visual dela.
O amigo da Alyana sorriu.
— Não sei como seus pratos
não são
da D.Va?
— Eu tenho um jogo de pratos novos com
todos os personagens do Overwatch — revelou a Alyana, muito
orgulhosa. Ao
morder novamente o sanduiche, ela fez uma expressão de
satisfação que o amigo
gostou de ver.
—
Gostou do sanduíche? É receita da minha
mãe. Ela sempre preparava, depois que
eu e minha amiga passávamos a tarde toda jogando videogame.
— Sim! É muito bom! É
receita do
Brasil?
Aleksandr riu antes de responder:
— Sim, mas acho que existem versões
da mesma em outros países, mas usando nomes e ingredientes
diferentes. Me
responda por que nunca usou seu jogo de pratos do Overwatch? Tem medo
de
estragá-los?
— Não. Eu só queria servir
algo
especial algum dia neles para meus amigos. Algo que eu preparasse.
— No dia que acontecer, me convide.
— O que aconteceu? — Alyana, deu
outra mordida no sanduiche, sujando seu rosto. Queria devorar o
sanduiche de
uma vez logo, pois estava achando muito bom. Ela agradeceu por nunca
ligar para
carboidratos ou calorias. — Eu não me lembro de
ter chegado até meu quarto.
— Eu já volto.
O amigo da Alyana saiu correndo do
quarto e voltou com uma jarra de vidro com suco de laranja e com duas
canecas
personalizadas do jogo Zelda, onde cada uma tinha o logo do jogo e eram
verde-escuras.
Alek encheu as canecas, depois ele limpou o rosto da Alyana com um
papel
toalha. Ela gostou, mesmo parecendo uma criancinha com seu pai limpando
seu
rosto. Ele entregou uma caneca para sua amiga e bebeu um longo gole da
sua
antes de explicar o que aconteceu:
— Você não se lembra?
Não sei ao
certo como aconteceu, mas você caiu dançando e me
ligou. Achei que era algo
sério, pois não entendia o que você
falava. Ao chegar aqui, descobri que você
estava bêbada e com o tornozelo torcido... Fiquei muito
preocupado.
— Minhas roupas? — Alyana ficou
assustada, entregando a caneca ao amigo, que a colocou ao lado da dele
sobre o
criado-mudo. — Você não fez nada comigo,
enquanto eu estava bêbada...
Alek riu, mas depois ficou com o
semblante bem sério.
— Ninguém tem o direito de fazer
algo com alguém sem o seu consentimento, por mais
vulnerável que a pessoa
esteja. E sim, eu tive que a vestir com esse vestido. Não
encontrei nada menos
revelador do que ele.
Alyana notou que ela não estava
cheirando a bebida.
— Você me limpou?
— Sim.
Com certeza ele é gay, pensou a
Alyana sorrindo, se lembrando que alguém segurava seus
cabelos enquanto ela
vomitava no banheiro, porém, suas lembranças
estavam confusas e logo ela pensou
que seu apartamento estava do jeito que faria sua amiga querer
matá-la.
— Meu apartamento está uma
bagunça...
— Não. Eu arrumei tudo e limpei.
Não
se preocupe com isso. Apenas descanse e coma.
— A Becca vai me matar. Não deveria
ter bebido álcool.
Depois de morder o sanduiche, Alek
perguntou:
— Você já teve problemas
com álcool?
— Sim, mas faz tempo. — Alyana
já
estava começando a comer o segundo sanduiche. — Na
época, minha amiga me
ajudou... Seu eu soubesse que aquelas bebidas eram
alcoólicas, não tinha as
bebido.
— Não se preocupe com isso. Eu
derramei o que sobrou na pia da cozinha e joguei as garrafas fora.
A dona do apartamento teve seu rosto
novamente limpado pelo Aleksandr, o que a fez rir e perguntar:
— Você é gay? —
Idiota, pensou ela
ao fazer a pergunta. Alyana começou a mexer nos cabelos.
Aleksandr começou a rir.
— Não vou responder. Vou fazer
assim: Vou deixar você descobrir, mas não responda
agora. Pense um pouco e
outro dia me fale sua conclusão, se ela estiver errada ou
certa, eu digo a
verdade.
Os dois começaram a rir.
— Só quero saber, pois você
é muito
bom, sabe cozinhar e fala de forma tão educada...
— Ninguém é plenamente bom
—
interrompeu o Alek, em um tom de voz sério como se lembrasse
de algo.
— Você é.
— Você estava sambando?
Alyana mexeu o pé e notou que seu
tornozelo já estava bem melhor.
— Acho que sim... O que você fez no
meu pé?
— Passei remédio e por falar nisso.
— Alek pegou algo em um bolso da calça. Era uma
cartela com comprimidos. — É
bom para a ressaca e para seu machucado.
Relutante, Alyana aceitou e engoliu
o comprimido com ajuda do suco. Ela só estava desconfiada do
Alek por causa da
sua amiga. Maldita Becca, pensou ela fitando o Alek, que com certeza
não
parecia ser uma má pessoa. Ela fica me deixando assustada,
pensou ela
novamente.
— Acho que amanhã já
poderá voltar a
sambar por aí — disse ele, terminando de comer o
último sanduiche de seu prato.
— Gostaria te vê-la sambando.
Alyana riu e voltou a comer.
— Será que eu tenho futuro no samba?
— Com certeza...
— Só está falando isso
para ser
legal. Você nem me viu sambando.
Os dois começaram a rir. Foi neste
momento que a Alyana notou que estava se sentindo feliz e que fazia
tempo que não
se sentia assim.
— Não é verdade
— discordou o
Aleksandr. — Eu sou uma pessoa que acredita que todos podem
conseguir tudo o
que querem se esforçando. Como você, que
não sabe ainda, mas é uma mulher
incrível. Viver sozinha em uma cidade tão grande
e ainda ser youtuber. Eu
ficaria paralisado na frente de uma câmera.
— Você é tímido?
— Não sei dizer.
— Para mim não é. De
qualquer forma,
você também poderia ser tornar um youtuber, se
esforçando um pouco.
Novamente os dois riram e ficaram se
fitando nos olhos por alguns instantes.
— Então... jogando muito videogame?
— perguntou a Alyana, que tinha ficado envergonhada.
— Eu estava jogando alguns jogos
antigos japoneses, mas depois voltei para o Borderlands. —
Alek coçou a cabeça
e pegou o prato já vazio da Alyana e o colocou em dentro do
seu prato. — Não
sei o que aquele jogo tem, mas sempre volto para jogá-lo.
Acho que é meu outro
vício.
— Qual Borderlands? — Alyana
terminou de beber o suco e entregou a caneca para o amigo, que foi
colocar a
louça suja sobre a escrivaninha.
— Eu gosto de todos, mas
principalmente do Borderlands 2... Jogo com a Maya.
— Eu gosto de jogar com ela também.
— Alyana mordeu os lábios inferiores, deixando o
Alek confuso. — Ela é muito
gostosa.
— Como?
Alyana forçou um sorriso.
— Quero dizer: Ela é legal. Qual
jogo japonês você estava jogando?
— Quer adivinhar?
Concordando com a cabeça, Alyana
pediu umas dicas:
— Ele é para qual videogame?
— Playstation 2.
Ao pensar um pouco, Alyana riu e
tentou seu primeiro palpite:
— Final Fantasy 10.
— Errou — disse o Alek. —
Não tem
como você descobrir tão fácil, mas
você acertou que ele é um RPG, porém,
não é
tão popular, mesmo assim faz sucesso e ele ganhou uma nova
versão há pouco
tempo.
Alyana começou a pensar e de repente
sorriu.
— O que eu ganho se acertar?
— Posso fazer um jantar especial
para você no próximo dia.
— Só mais uma dica... Ele tem
sistema de batalha em tempo real?
— Não.
— É o... Persona, mas não
sei qual.
Alek riu e bateu palmas.
— Incrível. Você realmente
é uma
gamer.
— Acertei? Eu estava pensando em
dizer Shadow Hearts, mas ele não ganhou uma nova
versão.
— Era Persona 3. Eu joguei, mas
voltei para o Borderlands.
— Senta aqui — pediu a Alyana
apontando para o lado de sua cama.
Relutante por causa do sorriso
malicioso da amiga, Alek se sentou encostando-se a cabeceira da cama,
tomando
cuidado para não colocar os sapatos sobre a cama.
— Eu não mordo — brincou a
dona do
apartamento. — Não vou fazer nada de errado.
Prometo.
Os dois começaram a rir.
— Jogou o que mais? — Alyana notou
que ela estava o interrogando para saber se realmente ele era um gamer,
ou só
se era uma mentira para ele se aproximar dela. Isso a fez sorrir, pois
se
lembrou que várias pessoas faziam isso com ela para saber se
realmente ela
jogava videogame.
— Muitos jogos, mas também gosto de
jogos de ação antigos.
— Devil May Cry? God of War?
—
O Devil May Cry 3 estava jogando ontem. Acredita que ainda estou
tentando
conseguir liberar todos os segredos dele?
— Também gosto de Devil May Cry. O
Dante é muito gostoso... Quero dizer: Bonito, mas
não gosto do Dante no DMC,
acho o da antiga série muito mais legal.
Alek riu, deixando sua amiga
confusa.
— Eu também não gosto do
Dante do
DMC, mas acho melhor não contar isso por aí...
Algumas pessoas nos matariam se
soubessem.
Os dois acabaram rindo. Se sentindo
mais feliz do que o costume, Alyana propôs:
— Deveríamos jogar juntos algum
dia... Vamos marcar algo... Quem sabe podemos... — Alyana
mordeu os lábios
inferiores. — Esquece. Vamos jogar algum dia, eu
você e até a Becca. Você vai
gostar dela, apesar de que, ela é uma pouco mandona.
— Eu adoraria jogar com você e sua
amiga... Já que você gosta muito dela.
— Por que você acha isso?
— Sempre fala nela. Não que seja
ruim, mas só me deixa com mais vontade de
conhecê-la.
— Você vai conhecê-la...
Como se a Rebecca tivesse
adivinhado, Alyana escutou ela a chamando na sala.
— Eu deixei a porta aberta — lembrou
a dona do apartamento, ficando nervosa. — Foi assim que
você entrou? Ela vai
reclamar a noite toda.
Aleksandr coçou a cabeça e ficou
preocupado.
— Na verdade eu tive que forçar a
porta, pois os trincos estavam fechados — ele sorriu
—, mas eu já os troquei...Acho
melhor eu ir embora...
— Não vá. —
Alyana estava se
sentindo estúpida, pois parecia muito carente, o que era a
impressão que ela
mais odiava de passar.
Ao ver a expressão de cachorro pidão
da Alyana, seu amigo sorriu.
— Tenho que trabalhar amanhã. Vou
planejar
nosso dia de jogo antes de dormir. Ele tem que ser perfeito.
— Até logo — despediu-se a
Alyana,
ficando triste, condenando a Becca por ela aparecer.
— Se precisar de qualquer coisa é
só
me ligar — avisou o Aleksandr, apontando para o smartphone da
Alyana sobre o
criado-mudo. — Prometo que vou fazer o possível
para visitá-la caso me ligue.
— Eu vou ligar.
— Assim espero.
O homem saiu do quarto, e depois de
alguns minutos, Rebecca entrou com um prato de comida. Ela estava
usando um
blazer cinza-escuro, que estava aberto na frente. O Blazer estava por
cima de
um vestido preto social com alças, que era um pouco
apertado, principalmente na
cintura, na qual estava com um cinto preto com fivela prateada. A saia
do
vestido era longa, chegando um pouco depois dos joelhos, revelando a
meia-calça
preta e grossa. Rebecca também estava usando botas pretas
com salto, mas não
muito alto. Os cabelos dela estavam amarrados em rabo de cavalo e mesmo
por
seus óculos, se podia notar sua
preocupação.
— O que você estava pensando?!
—
perguntou a Rebecca, em um tom muito irritado. — Estava
bebendo na frente de
várias pessoas! Está ficando louca?! E o que eu
falei sobre o Youtube?! E ainda
ao vivo! Por que você tem que deixar a minha vida
tão difícil?! Não acha que
já
tenho trabalho demais como sua empresária?! Agora tenho que
voltar a cuidar de
você como se você fosse uma criança!
— Não precisa cuidar de mim
— disse
a Alyana, de forma tão calma, que só serviu para
irritar mais ainda sua amiga.
— Preciso sim! Sou sua empresária,
sua amiga, sua mãe, sua empregada, sua entregadora, sua
nutricionista. —
Rebecca experimento o sanduiche. — Hum! Isso é
muito bom, mas tenho que
continuar. No que eu estava falando?
— Que você é minha amante...
— Engraçadinha. Também sou
sua
psicóloga, sua contadora e não posso esquecer que
também sou sua cafetina. Você
conseguiu 30 inscritos e pagantes na sua “Lista do
Sexo”.
— Então deveríamos
comemorar. Isso
dar um total de quantos dólares... São 2 mil por
pessoa...
Becca revirou os olhos.
— Sério?! Também sou sua
professora?!
São 60 mil. Não acha que já chega?
— Não. Eu ainda estou decidindo um
valor para parar.
— 30 dias transando não
está bom
para você? Sabe que a maior parte dessas pessoas
vão transar com você umas dez
vezes no mínimo ao dia? Sem contar que eles vão
querer fazer coisas
estranhas...
— Não se preocupe com isso
—
discordou a Alyana, mexendo nos cabelos. — Eu sei o que estou
fazendo.
Becca se sentou na cama ao lado da
amiga e observou seu tornozelo. Ela começou a
balançar a cabeça, desapontada.
— Estou ficando cansada de chegar
aqui e a encontrar mutilada...
— Mutilada?! Não acha um exagero?
Só
torci o tornozelo.
— Acho que não adianta dar um
sermão
em você, mesmo depois do que aconteceu no ano passado.
— Becca notou que sua amiga
ficou triste e começou a mexer nos cabelos. — Então... me conte
o que aconteceu aqui e por
que seu namoradinho gay estava aqui e cozinhou esta delicia?
Alyana riu como a amiga falou da
comida, que pelo jeito como a devorava, sem ligar em sujar o rosto,
tinha
gostado muito.
— Eu vou contar os detalhes, mas não
fique mais irritada. — Ela esperou a amiga concordar com a
cabeça para
continuar: — Eu fui uma teimosa, estúpida e fui
fazer um vídeo para o Youtube.
Pensei que sairia tudo bem, mas não foi bem assim. Eu estava
dançando música do
Brasil e tinha bebido um pouco... mas eu juro que só soube
que tinha álcool
depois do primeiro copo.
— Vou tentar acreditar, mas
continue.
— Depois que eu cair, não me lembro
mais o que aconteceu. Eu despertei com esse cheiro de comida
maravilhoso e com
o Alek aqui.
Rebecca terminou de comer em tempo
recorde, deixando a Alyana admirada.
— E por que você o chamou? —
Ela
estava sendo ciumenta e a Alyana notou, rindo discretamente.
— Sou sua melhor
amiga e sirvo para essas coisas.
— Não foi por mal. — Alyana
pegou o smartphone
rosa dela e começou a procurar algo. — Eu estava
bêbada e acabei ligando para
ele sem querer... Sorte que o Alek achou que tinha algo errado e veio
me
ajudar...
— O que eu faria também. —
Becca
colocou o prato sobre os outros e não gostou da pequena
bagunça sobre a
escrivaninha. Ela queria sair dali para lavar aquelas louças
sujas, mas não
podia deixar sua amiga agora. — Posso ver seu telefone?
A amiga entregou o smartphone e
ficou observando a Rebecca procurar algo.
— Seu namoradinho gay não tentou
nada de errado? — Ela esperou a resposta da amiga, que a fez
com a cabeça,
negando. — Que estranho...
— O quê?
— Não existe chamada feita para o
número do Alek. Tem certeza que ligou para ele? Ou melhor...
Como ele entrou?
Alyana sorriu falsamente.
— Eu meio que... deixei a porta
aberta... mas ele acabou por quebrar os trincos que estavam fechados.
Só não
precisa se preocupar, pois ele avisou que já os trocou...
— Não vou falar nada... Ou melhor,
vou sim: Não consegue cuidar de sua própria
segurança?! Será que terei que
contratar um segurança para você?! Já
basta seus gastos com luxo em excesso e
mais isso agora!
A amiga da Becca ficou irritada.
— Eu não gasto demais com luxo e
não
preciso de um segurança! Só deixei a porta
aberta! Não precisa se preocupar,
pois não vai acontecer nada como no ano passado!
Ao ver sua amiga mexendo nos cabelos
do lado do rosto, Rebecca respirou fundo e se acalmou.
— Conte mais sobre seu namoradinho
gay. Vocês não transaram? Pelo que ele fez hoje
está parecendo que vocês
transaram ontem. Sexo oral também é transar
Um pouco irritada, Alyana contou,
sobre seu amigo:
— Não fodi com ele e nem o chupei...
e ele não é gay, apesar de que, ele
não tentou fazer nada de errado comigo nas
condições que eu estava, por isso acabei por
perguntar se ele era gay... Eu sei
que foi muita estupidez, mas não consegui me conter.
— Isso é estranho, pois ele te
trocou e não fez nada. Ele é homem, e nem preciso
explicar como eles são em
relação a você.
— Até mulheres se sentem
atraídas
por mim — avisou a Alyana, piscando para amiga.
Rebecca revirou os olhos, antes de
enumerar:
— Ele sabe cozinhar, é educado e
é
bonito. Com certeza ele é gay.
— Não sei se ele é. Depois
ficamos
conversando sobre videogame... Sabia que ele gosta de Borderlands e de
jogos
japoneses antigos? Estou pensando em planejar um dia para jogar com
ele. Você
poderia vir...
— Espera um pouco. Não acha que
está
exagerando um pouco? Você parece até que voltou no
tempo, pois o relacionamento
de vocês se parece com duas crianças de 12 anos.
Não que eu ache ruim, mas pode
me contar se vocês transaram. Sabe que eu não ligo
para o que você faz com seu
corpo...
Alyana se irritou.
— Não estou exagerando e
você liga
sim para o que eu faço com o meu corpo! Já falei
que não fizemos nada! Não sei
para que tanta obsessão nisso?
— Desculpa. Pode continuar contando
sobre ele.
— Como eu tinha dito antes: Ficamos
conversando sobre videogames. Ele pediu para eu descobri qual jogo de
RPG
Japonês ele tinha jogado. — Alyana não
conseguia esconder a alegria. — Eu
acertei, e era bem difícil.
— Uau! Que jogo era?
— Era Persona. Não sou tão
estúpida
assim.
— Não é... Só
é muito nerd. Demais,
para ser mais exata. Pensei que você tinha dito que
não gostava de videogames e
só jogava para atrair novos fãs.
A amiga da Rebecca ficou surpresa,
pois a amiga tinha razão sobre isso.
— Não sei. Acho que eu gosto sim...
Rebecca balançou a cabeça,
desapontada com a amiga.
— Você sempre gostou de videogame,
mas achou que deveria esconder isso por algum motivo maluco por um
tempo.
Várias lembranças da Alyana jogando
videogame
de tarde, quando era adolescente invadiram sua mente. As
lembranças a fizeram
sorrir.
— Acho que você tem razão.
Podemos
marcar um dia para jogar então? Quero que você
venha. Vai ser muito
divertido... Prometo que não vou fazer nada inapropriado na
sua frente.
Ao ver a risada da Rebecca, Alyana
ficou confusa e perguntou:
— O que tem de engraçado?
— Você parece uma criança.
— Ela viu
que a amiga ficou envergonhada. — Não acho ruim,
mas deveria ter cuidado com
ele e não se empolgar muito, pois ele pode ser diferente do
que você acha. Não
quero que você se meta em confusão novamente.
— Ele não é diferente
— discordou a
Alyana, ficando pensativa por alguns instantes. — Ele falou
que jamais faria
algo com alguém sem o consentimento da pessoa, por mais
vulnerável que a pessoa
estivesse.
Depois de soltar um longo suspiro,
Rebecca pediu:
— Apenas tome cuidado com ele... Ou
melhor, com qualquer um. Eu sei que você tem suas
necessidades, mas não fique
se deitando com qualquer um...
Confusa, Alyana explicou:
— Eu sei que vai parecer estranho
para você, mas não o vejo assim... Não
que ele seja feio, ou possua algum
defeito... Quem eu estou tentando enganar... Ele é perfeito,
mas ao ficar perto
dele...
— Fica excitada.
— Não! Não é
isso que eu sinto.
— Então explique o que você
sente
perto dele. — Becca escondeu uma risadinha maliciosa e se
sentou ao lado amiga
na beirada da cama.
A amiga dela ficou confusa pensando
por algum tempo antes de tentar explicar:
— Não sei ao certo, mas eu gosto
quando ele está por perto... Sei lá... Me sinto
segura. Com você também me
sinto, mas é diferente.
— Como é devagar — disse a
Rebecca,
desapontada com a amiga. — Sabe tudo sobre sexo e
não sabe sobre o que está
sentindo...
— O quê?
— Não é nada. —
Rebecca coçou a
cabeça para disfarçar. — Acho melhor
falarmos sobre negócios.
— Como estão os seguidores?
— Eles estão em um pouco mais de 120
mil, mas o número não aumenta e poucos
estão pagando. Seus vídeos e ensaios
estão vendendo bastante, mesmo com a pirataria correndo
solta, porém, ainda é
um valor abaixo do esperado para deixá-la viver sossegada
como antes.
Alyana notou que sua amiga estava
realmente preocupada com os números. Ela queria poder
ajudá-la com isso, mas
não conseguia entender metade das contas de despesas que a
amiga fazia de
cabeça.
— Eu vou fazer um vídeo novo
amanhã.
Tenho certeza que as coisas vão melhorar. Não
precisa se preocupar.
— Você tem que fazer um
vídeo
amanhã, pois seu cronograma está atrasado.
— E o estúdio que você
visitou?
Becca começou a rir antes de
responder:
— Vou fazer a mesma pergunta que eles
fizeram para mim: “Quantos litros de esperma a Alyana
consegue beber de uma
vez?”
As duas fizeram uma careta.
— Espero que você tenha rejeitado?
— Com certeza. — Becca se
espreguiçou e depois abriu a boca. — Acho que eu
vou embora. Vejo que você está
bem, e agora tem seu namoradinho gay para ajudá-la...
— Vai ficar com ciúme? Não
parece
algo que combine com você.
— Apenas descanse — mandou a Becca,
acariciando o tornozelo machucado da amiga, que se esticou. —
Ficou excitada?
— Não, mas se quiser dormir aqui,
tenho certeza que vou ficar excitada com você.
— Pare com as brincadeiras. Amanhã
eu já vou chamar a maquiadora e o fotografo.
Alyana ficou contente e riu
empolgada.
— Faz tempo que eu não os vejo.
Será
que eles sentiram minha falta?
— Pergunte para eles amanhã. Tenho
certeza que a Natasha vai querer saber tudo sobre seu namoradinho gay.
— Ele não é meu
namoradinho gay!
Antes de sair do quarto, Rebecca
pegou as louças sujas e avisou:
— Não vai brincar com aquela panela
de pressão.
— Eu nem sei acender o forno. —
Alyana, na verdade, estava louca para ir ver a panela.
— Por isso que estou avisando.
— Até logo.
Rebecca sacudiu a cabeça,
desapontada com amiga.
— Até amanhã.
Finalmente Alyana estava só, mesmo
querendo ir na cozinha ver a panela, desistiu, pois queria
está pronta para o
dia seguinte. Ela desligou a luz e pegou seu laptop, já
queria saber sobre seu
vídeo no Youtube, mas não queria a amiga
espiando, mesmo que ela já tivesse
dado uma olhada no vídeo de qualquer forma. Será
que o Alek viu? Se perguntou a
Alyana, ficando envergonhada. Ela viu que o número de
visualizações passou de
200 mil e ao ver os comentários, começou a
respondê-los, até os maldosos e
pervertidos, porém, um comentário chamou mais a
atenção dela do que os outros;
era de uma mãe de um garoto de 16 anos, ela reclamava, pois
seu filho tinha
visto o vídeo no Youtube e depois descobriu sobre o trabalho
da Alyana, o que o
fez gastar dinheiro com os vídeos para maiores e ele foi
pego pela mãe. A mãe
do garoto estava muito irritada, chamando a Alyana de puta e falava que
ia
processá-la.
— Que ousadia. Não sabe criar o
filho e depois coloca a culpa e mim.
Alyana respondeu ao comentário do
jeito que falou, depois foi cuidar dos outros comentários e
colocou um aviso em
seu site oficial, que gravaria um vídeo novo. Pela
reação de seus fãs, com
certeza seu novo trabalho ia fazer bastante sucesso.
Já se tinha passado algumas horas e
Alyana já estava com sono. Ela ignorou a amiga Rebecca a
chamando no Skype,
pois só queria dormir, mas a mãe do garoto postou
outro comentário, muito mais
ofensivo, que a deixou irritada, fazendo-a responder. As duas ficaram
trocando
farpas por várias horas até a Alyana adormecer
com o laptop ao seu lado.
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