Lágrimas Sobre Etéria - Capítulo 4 - A Escalada da Redenção - Página - 047

Lágrimas Sobre Etéria - Capítulo 4 - A Escalada da Redenção - Página - 047

               — O que é? — Felina bufou irritada com a nova amiga. — Espero que não seja que aqui realmente é uma espécie de purgatório...

               Depois de uma longa risada, Panacea começou a revelar:

               — Eu não sou a primeira a chegar neste local. Você não é segunda a chegar aqui. Sempre vão chegar outros e todos vão acabar indo embora. Com você não é diferente.

               A Felina ficou bem séria.

               — Por que você acha isso?

               — Gatinha... eu sei que todas as manhãs, antes do café da manhã, você costuma olhar os rochedos e soltar um longo suspiro, ao imaginar como seria difícil a subida. Também não tem como notar os momentos que você fica pensativa e distraída. Tenho certeza que será uma questão de tempo até você decidir subir o rochedo...

               — Eu não vou subir o rochedo! Já tomei a minha decisão!

               Panacea se postou na frente da Felina, que parecia muito incomodada com a conversa.

               — Você vai. Eu já vi isso em outros que chegaram aqui. Você só passou um mês aqui, mas eu já vi outros que passaram anos e um dia resolveram subir o rochedo e voltarem para suas vidas. O mesmo será com você, mas acho que você está com...

               — Medo? — Felina não aguentou e desabou em lágrimas, Panacea a abraçou e, mesmo a Felina com seu histórico antissocial, não achou ruim, pensando que aquilo seria o que uma mãe de verdade faria.

               — Pode contar para mim. Estou aqui para escutá-la.

               A Felina se soltou do abraço e enxugou os olhos com as costas das mãos.

               — Eu sempre amei a Adora, mas acabei a ferindo muito por causa disso. Só que um dia, eu pude imaginar ela ao meu lado, mas acabei estragando tudo novamente... — Felina pareceu reunir forças para continuar: — No dia que eu cair aqui neste lugar... foi por escolher o caminho fácil. Algo que eu sempre fiz em toda a minha vida... Se eu morresse, não precisaria se preocupar com o depois. Com a minha vida com a Adora, pois como acabaríamos vivendo: Adora lutando contra a Horda em forma de She-Ra durante o dia e depois chegando em casa à noite como se fosse algo normal? Não sei se poderia viver assim? Eu amo a Adora, mas também estou cansada de lutar e com medo. Um dia eu acabei até imaginando se eu e a Adora fugíssemos. Longe da Horda e da Rebelião, mas eu tenho certeza que a Adora não conseguiria deixar a Horda acabar com Etéria. — Ela acabou sorrindo. — É algo que eu amo na Adora, ela sempre vai querer fazer o que é certo, mesmo que isso possa ser difícil e ela tenha que fazer alguma espécie de sacrifício próprio. Ela é uma boa pessoa, diferente de mim, que prefere morrer do que tentar fazer dar certo ao lado dela... Eu sinto a falta dela.

               — Você deveria voltar para ela. Já que a ama tanto, tenho certeza que as duas vão conseguir fazer dar certo.

               — Não sei se eu consigo.

               A Panacea soltou um longo suspiro e se arrumou sobre as peles.

               — Eu vou contar como eu vim parar aqui...

               — Gostaria muito de saber sua história, mas nunca tive coragem de perguntar.

               Antes de começar a contar, Panacea soltou uma risada e logo depois ficou bem séria:

               — Eu fazia parte de uma família de curandeiros muito famosos nas terras que eu vivia. Logo cedo meus pais me ensinaram a arte da cura, mas não havia apenas eu como discípula. — Panacea parecia se lembrar de algo bom pelo sorriso que soltou. A Felina se arrumou ficando de joelhos com as mãos sobre as pernas, completamente atenta a história, o que deixou a Panacea mais confiante em continuar: — Eu e o homem que se tornaria meu marido, logo conseguimos chamar a atenção de todas as pessoas nas terras em que vivíamos. A gente erámos lendas na época. Até acabamos chamando a atenção do rei do lugar em que vivíamos.

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